27 de março de 2017

O Preço do Malboro Branco

Uma mulher branca estava na passagem, entre a estufa de salgados e o caixa de uma padaria de alto requinte.

Com o objetivo de comprar o meu cigarro, fui andando pela passagem, que estava encoberta pela senhora portando uma grande bolsa, com as insignas orgulhosas, DG. Ao ver que a senhora não se afastou, eu pedi licença. ela continuou parada, como se não estivesse escutado. empostei minha voz em altura e tom (presente do papai), e com um leve toque em suas costas, mais uma vez pedi licença, e mais uma vez nada aconteceu. Me enfureci, e cruzei a apertada passagem, derrubando a bolsa da senhora de seus ombros...
Mal educados por mal educados, houve uma faiscante troca de olhares, que não me dei ao trabalho de desafiar, dada minha sede por um Malboro.

Segundos depois de entrar na fila, a senhora se postou atrás de mim dizendo que ela tinha chegado primeiro, que tinha gente cortando fila. claro que ela não estava falando dos advogados que estavam na minha frente, mas ninguém pareceu se importar (com ela ou comigo), fazendo-a se calar. 
Ao sair da padaria, com calma desembrulhei meu maço olhando para a leve garoa que caía, pensando em como iria embora daquele lugar. a senhora branca chegou do meu lado, momentos depois, com a mesma reação ante a chuva. Acendi um cigarro, e aspirei mais do que meus pulmões aguentam, e com muito cálculo e destreza, baforei aquela saudável fumaça em seu rosto...
Como sempre, fui caminhando pela chuva fina, enquanto escutava a senhora dizer: abusado.

Em momento nenhum a senhora disse os motivos de se indispor comigo daquela maneira... mas naquele silêncio indisposto, a gente sabia o porquê...

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