25 de dezembro de 2013

Afinal, é Natal

Inspirado livremente na obra Noite Feliz de Wallace de Andrade.

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Era noite de natal, e pela primeira vez na vida D. Áurea estava passando sozinha. Estava um pouco deprimida vendo o show do rei porque aquele ano não foi um dos melhores para ela.

Casada por 59 anos, Seu Juvenal, querido marido, faleceu dias antes do seu aniversário. Foi um horror. Durante esses 59 anos, tiveram somente um filho. O viu crescer, ganhar prêmios nas feiras de ciências da escola, primeira e segunda namorada, casamento, divórcio e prisão.

Sem ninguém próximo para passar a noite, D. Áurea tentou esquecer todos os problemas daquele ano e aproveitar o show. Afinal, é natal.

Wellington foi preso por não pagar a pensão do filho. Estava passando por uma má fase na vida. Shirley, sua esposa, um dia sem clima nenhum disse que não estava mais feliz e pediu o divórcio. Para melhorar seu pai morreu, entrou em depressão, começou a faltar no emprego, foi despedido, o dinheiro acabou e ali estava: Presidente Venceslau.

O carcereiro de cela em cela estava passando, como de costume todas as noites para fazer a contagem dos presos. Viu que naquela noite quem estava na função era Seu Oscar, o carcereiro mais gente boa da cadeia.

- Poxa seu Oscar, libera o cadeado aí vai. minha Mãe tá sozinha lá em casa. Afinal, é natal. - Brincou Wellington.

Seu Oscar deu risada da brincadeira do preso, mas estava com a cabeça em outrolugar, sua família, tão distante dali, ceiando sem ele.

Seu Oscar estava no sistema carcerário há quase sete anos. A vida era tranquila. Trabalhava noite sim noite não, sete anos sem faltar. Nesse ano foi escalado para trabalhar na noite de natal. Quase chorou para o chefe liberar ele, mas não teve jeito.

Chegou as 7 da noite, e só ia sair às 7 da manha. A noite ia ser difícil, Afinal, é natal e os reclusos ficam loucos de saudade da família. Alguns fogem e voltam no outro dia, outros badernam e outros sofrem calados.

Aquela escala o apunhalou pelas costas. Estava planejando aquela festa de natal deste outubro. Estava vindo parente do Oiapoque ao Chuí. A casa do seu Oscar estava cheia, e por um instante ficou com dó de sua esposa, porque teria que aguentar a noite inteira o pequeno filho da vizinha.

Joãozinho nunca viu a casa do seu Oscar tão cheia. Passou os dez natais da sua vida na casa do vizinho brincando com Pedrinho, filho de seu Oscar da mesma idade. Eram unha e carne, quase irmãos. Ainda mais naquela noite tão especial, afinal, é natal.

Embora muito pequeno para entender, Joãozinho era de família humilde, e ficou maravilhado com a quantidade colossal de presentes que seu melhor amigo estava ganhando naquela noite. Lembrou que pediu presente para o Papai Noel, mas pelo visto, tinha esquecido dele daquela vez. Deu um sorriso amarelo, e aproveitou o Chester quieto.

O natal é uma data de grande alegria, e embora nem todo mundo estivesse tão alegre naquela noite, tentaram esquecer seus problemas por algumas horas. Afinal, é natal.

12 de novembro de 2013

Politicagem Imoral

Se tinha uma coisa que deixava Joaquim feliz era ajudar seu país a ser um lugar melhor.

A manifestação contra a corrupção foi uma das mais cheias que o jovem manifestante já viu. Todo o povo feliz com o rosto pintado de verde e amarelo cantando o hino nacional e gritando contra um ou dois senadores que foram pegos tentando desviar dinheiro público para algumas ilhas do caribe.

Naquela manifestação Joaquim estava sozinho, sem seus amigos revolucionários, que disseram que dessa vez iam ficar manifestando pela internet. Joaquim não gostou da atitude deles, e fez questão de tirar várias fotos e postar em todas suas redes sociais para mostrar como ele era realmente ativo com a politica nacional.

Com sede, depois de tanto ativismo, resolveu passar em um bar e pediu uma garrafa d'água:

- 3 reais - disse a atendente que estava com um crachá escrito "em treinamento" com letras garrafais, mas que em lugar nenhum estava escrito seu nome.

Joaquim tirou de sua carteira uma nota de 50, a única nota que tinha.

A atendente trouxe a água e seu troco, que logo Joaquim conferiu, e percebeu que ao invés dela ter devolvido 47 reais, ela devolveu 97. Seu troco, mais a nota que Joaquim acabou de tirar da carteira.

O jovem viu que a atendente já estava com outro cliente do outro lado do balcão.

Ele pegou sua água, deu um longo e gostoso gole e foi embora satisfeito, porque naquele dia ele fez sua parte com a mudança do país.

Macho Alfa

Perceber que os seres humanos são animais, que nos portamos como tal e que todos os chatos protocolos sociais que seguimos são regras sem sentido para se poder viver em uma sociedade fraca e fútil, é o primeiro passo para que tua vida seja mais feliz.

Danúbio era um homem feliz, pois sabia disso.

Olhava para a cidade, do alto de seu apartamento e conseguia escutar os sons da savana. Animais no cio tendo que pagar para descarregar. Presas correndo dos predadores. Aves sentadas em galhos observando o movimento da selva. Enfim, todos tentando sobreviver a sua maneira, e correndo antes da mordida do leão.

Danúbio era muito bem afeiçoado e fazia muito sucesso com as mulheres do escritório. Ele sabia que ele era o leão, o macho alfa daquela região. E manter seu posto era muito difícil, sempre com muitas disputas pelo poder. Mas nunca houve nenhum rival que fosse um grande desafio para Danúbio.

Seu chefe, sr. Milton, todas as sextas feiras chamava Danúbio e a rapaziada do escritório para irem em alguma balada ou barzinho, para caçar a mulherada indefesa.

Sua vida começou a ficar um pouco mais complicada quando entrou no escritório um forte homem chamado Abelardo.

A atenção de todos foram voltadas para o novato. Na primeira semana Abelardo conseguiu com que todas as mulheres do escritório se juntassem, sempre depois do almoço, para ficar falando dele e de como ele deveria ser na cama. O escritório até ficava mais úmido quando acontecia essas reuniões.

E por algum motivo, logo de cara, Danúbio e Abelardo não se gostaram.

Alguns diriam que o "santo não bateu", outros falariam que "era um preconceito" ou que só nos sentimos assim porque ainda "não conhecemos melhor o outro". Engraçadinhos falaram que é "uma inveja", e extremistas que "Abelardo é Yin e Danúbio Yang".

Danúbio percebeu o que estava acontecendo. Seu território estava em perigo. Um outro macho alfa chegou ali já marcando território sem pedir licença.

"Como ele chega mijando no meu poste sem falar nada?" - pensou Danúbio.

Nesse ponto o clima já estava bem tenso. Um olhava pro outro com cara feia, e ambos não ficavam mais que o tempo necessário no mesmo ambiente. Quando precisavam de alguma coisa profissional, o contato era apenas por e-mail, e começaram a intercalar o horário do almoço para que eles não se encontrem sem querer na rua.

O fim da picada foi quanto o sr. Milton ao invés de chamar Danúbio para a caçada semanal, chamou Abelardo. Inadmissível!

Foi o pior final de semana na vida de Danúbio. Se sentindo rejeitado. Não conseguiu dormir, e tambem nem saiu de casa. Perdeu peso porque não foi na academia, e só comeu besteira enquanto era bombardeado com a deliciosa programação da TV aberta de domingo a tarde.

Mas no final do dia, poucas horas antes de ir dormir para voltar a trabalhar na segunda-feira Danúbio tinha uma certeza.

- Eu tenho que resolver isso hoje! - exclamou em fúria.

Na manhã seguinte, Danúbio foi direto para a mesa de seu nêmeses, intimidando Abelardo. Foram para a copa conversar, e lá tirar a limpo e chegar a uma conclusão: Quem é o leão daquela tribo?

Ao conversarem, Danúbio percebeu que Abelardo era um cara legal, e que na realidade não tinha nenhum motivo para brigarem.

Abelardo era forte e bonito, mas não representava perigo. Eles podiam dividir o escritório em dois. De um lado ficaria Danúbio dando assistência para as assistentes de back office, e do outro ficaria o musculoso com voz macia do Abelardo pegando as estagiárias.

Também decidiram que de segunda e quinta Danúbio podia ficar com a secretária do Sr. Milton, e de Terça e Sexta o cheiroso com barba bem aparada, estiloso e com a mão macia do Abelardo ficava com ela.

Tudo resolvido, os dois deram um longo abraço.

Danúbio foi pegar um copo de plastico, e por ironia do destino, Abelardo tambem foi pegar no mesmo momento. A mão dos dois se tocaram, e um olhou pro outro.

Danúbio percebeu que a tensão que antes era negativa, agora, naquela minuscula copa daquele escritório de arquitetura no centro de São Paulo, virava sexual.

E só com eles dois na copa, Abelardo se lançou em um beijo frenético e sem misérias.

E Danúbio ficou pensando porque ele se sentia intimidado por um homem tão gostoso quanto Abelardo.

7 de novembro de 2013

O Mais Miserável Manifesto Artístico de Todos os Tempos - vol. I

E hoje mais uma vez fui criticado sobre as coisas que escrevo e publico.

Pois logo disse que ele não faz ideia das coisas que escrevo, e não publico.

Me veio com argumentos politicamente corretos, e disse que simplesmente não tem graça, ou que não faz sentido algumas coisas que eu escrevo.

Disse que era crime!

Palavras de preconceito... puff.

Afinal, o que veio primeiro?

O crime ou a piada? A piada ou o crime?

Acho que a seguinte questão é: do que posso falar, e do que não posso falar?

Expressão artística não é desculpa!

Na livraria vi um livro chamado "isso é arte?" discutindo essa bendita arte contemporânea que vivemos.

E outro dia vi um jovem que perdeu a virgindade anal em nome da arte... Pois é, cada um expressa do jeito que convêm.

Sério, sabe o que eu acho?

Acho que posso falar de tudo e de todos.

Afinal, são os meus pensamentos, minha forma de pensar. E se uma piada não deu certo pode ter certeza que não foi feita num sentido depreciativo.

O difícil é declarar algumas coisa num mundo onde a linha do humor e do crime seja tão tênue.

Alias, a expressão "humor negro" já algo racista.

Porque o humor que não presta tem que ser o negro? Não poderia ser o caucasiano ou o índio?

"Humor da raça ariana - o melhor"

Bendito (ou maldito) seja o SIR. Monteiro Lobato: Preconceituoso do caralho que todos aplaudem.

Sim sim, outros tempos.

Eu sei.

Chega!

Alias palavrão agrega ou não grega valor?

Alias, o que agrega?

Nos meus humildes pensamentos, arte é uma forma de expressão do sentimento, seja ela feita em qualquer uma das nove plataformas citadas por Claude Beylie.

Um jeito de contar uma historia.

O que eu faço?

Eu escrevo.

Expresso sentimentos por palavras (por mais ruim que seje meu português).

Para no final, eu ser julgado sobre o que é licito e o que não é licito dizer?

Argumentos como os citados, são os mesmo que comediantes, deputados e organizações nazistas e racistas usam para disseminar seu ódio, e daqui retorno a questão cerne: o que veio primeiro, o crime ou a piada?

Pois é jovem gafanhoto, pimenta nos olhos dos outros é refresco.

ontem, por exemplo, descobri que tenho um amigo que morre de ri com qualquer piada xenofóbica que lhe é contada.

QUALQUER UMA!

São todos argumentos sobre ser livre, sem interferir na liberdade do outro.

tsc tsc.

Mas o que eu, escritor amador de merda, que nem domina o básico da língua portuguesa quer falando disso tudo?

Do que estou querendo me defender se nem as pessoas que mais importo lê o que eu falo?

Nem meus pais, nem meus primos, nem meus melhores amigos, minha namorada e meus colegas de bar... Ninguém.

Não escrevo pra eles, mas como já diria Chris McCandless - "felicidade só é real quando compartilhada".

Arte, arte, arte. Mas que desculpazinha esfarrapada!

Isso é arte? (além do titulo de um livro vendido por apenas 59,90 na livraria cultura para clientes +cultura). O que é arte?

Liberdade de expressão vai ser o que o juiz vai me responder em tribunal. Tentei aqui dar um manifesto, e falhei miseravelmente, onde não consigo nem me expressar sem ofender alguém, e não chegar a uma conclusão sobre o que pode e o que não pode.

Quantas questões.

Sempre é mais fácil desistir.

Afinal, porque eu tanto escrevo então?

Pra quem?

4 de novembro de 2013

Virgindade Bucal

A masturbação era algo frequente na vida do jovem rapazote André.

Com apenas 13 anos, já conhecia os prazeres que a carne dava... Mesmo que sozinho...

André chegou a conclusão que o começo do fim na vida de um homem, é aos 13 anos, pois é quando ele para de pensar na vida e coisas importantes, para pensar unica e exclusivamente em sexo.

A teoria é que, tudo que o ser humano faz é para transar.

Você só quer estudar, se formar, ter um bom emprego e uma linda casa de veraneio no litoral norte para transar.

Tudo isso porque sexo dá status. 

Assim como status leva a sexo. 

E André não tinha muito status.

Mesmo sendo um jovenzinho cordial e bem afeiçoado, ele era muito tímido, o que o fazia ficar para trás perante a corrida sexual tão torturante que começa tão cedo na vida de alguém.

O fato dele ser virgem não significava nada, até porque grande parte das pessoas do seu ciclo social (que se resumia ao colégio e o cursinho de inglês) tambem eram virgens.

O problema era outro.

André nunca tinha beijado uma garota.

Nem um garoto.

Isso era inadmissível para os cruéis colegas de classe. André tambem não entendia porque as garotas não queriam o beijar.

Boca Virgem era um dos apelidos mais tranquilos que ele tinha.

Mas foi então, em um surto de coragem completamente fora do padrão, André resolveu resolver.

No dia seguinte foi na casa do seu primo, Marlon, ele era mais velho alguns anos, e tinha uma fama de "pegador".

Contou o drama, e rindo, Marlon disse:

- Vai num puteiro rapaz! Só toma cuidado com o bafo de porra.

Mesmo não tendo entendido a segunda parte do que seu primo disse, André foi embora satisfeito.

Durante aquela semana, ele economizou todo o dinheiro do lanche, e no final de semana ele estava com a exorbitante quantia de 30 reais.

Na ferramenta de busca de seu notebook ele digitou "prostíbulos por 30 reais".

André chegou no estabelecimento tímido e acuado. Sheila Moon, e uma das moças chegou perto dele e perguntou:

- O que faz aqui jovenzinho?

- Gostaria de saber quais são as especialidades que inclui vosso programa - Respondeu André.

- Tudo que você quiser gatinho - Respondeu um pouco assustada com a pergunta dele.

André tirou da carteira seu dinheiro.

A moça riu, pegou o dinheiro, mas antes de levantar perguntou:

- Quantos anos você tem jovem rapaz?

- você vende seu corpo por dinheiro, e a questão é minha idade?

A moça sabia que o estava prestes a fazer era um crime e duvidosamente ético, mas não tinha como discutir com tal argumento.

Chegando no quarto André tentou beija-la, mas ela se afastou, e continuou a trabalhar.

Ele sentiu um cheio estranho, e entendeu o significado da expressão "bafo de porra".

Na segunda-feira André, o não virgem, chegou na escola e disse que tinha perdido a virgindade.

Todos se surpreenderam, mas acreditaram pois não tinham motivos para se mentir de algo tão sério assim:

- e aí como foi? - perguntou um dos meninos na hora do recreio.

- foi incrível... Igual aquele filme especial de dia das bruxas... "Halla o Himen" com Ana Jumbo e Claudia Galopeira.

- Uaau - Suspirou os meninos.

- E como era o beijo dela?

André estremeceu, e percebeu que ao tentar solucionar um problema, criou outro bem maior.

André continuou sendo o “boca virgem” da escola por mais 3 anos, quando uma garota mais nova teve que beija-lo quando perdeu uma aposta com suas amigas.

E sobre a masturbação, ela continuou constante por um bom tempo tambem.

14 de outubro de 2013

Sobre o Pensar

Não adianta pensar muito.

No meio de tanta trabalheira, e as coisas que dizemos que são entretenimento, temos poucos meros minutos para pensar.

E nada do que você pense, será uma grande novidade. Não.

Os gregos já fizeram isso pra gente. Um grego nascia, vivia e morria em prol da sabedoria.

O que tu, jovem cidadão moderno tem a dizer de tão novo que nunca foi pensado antes? Por isso que digo, não adianta pensar muito.

E quando tiver uma grande duvida na sua frente, apenas dê o próximo passo. Faça o inevitável.

O passado já não é o bastante, tu tem que agora evoluir.

Nada de grandes filosofias ou pensamentos metafísicos. (talvez).

Mas siga.

19 de setembro de 2013

Crónica do Homem Rústico

- Nunca pensei que você fosse capaz disso - Disse a mulher gemendo quase emudecendo.

Estavam ali, no quarto, ambos nus e suados. O rapaz sobre a mulher, fundindo com seu corpo liso e livre de qualquer aspereza que os pelos podem dar. Estava dentro dela se movimentando sutilmente e delicadamente com um ritmo continuo e previsível sentindo todo o calor e umidade que ela podia dar.

E a única coisa que o sussurro dela fez com ele, foi fazê-lo acreditar que ele realmente tem cara de um jovem bonzinho.

No auge da juventude o rapaz nunca foi rato de academia nem prezava por uma vida saudável, mas esbanjava vigor. Tinha um fôlego que poucos da mesma idade tinham.

Era magro, com uma leve camada de gordura, certamente onde era depositada a quantidade colossal de bacon e cerveja que ingeria diariamente. Não muito vaidoso vestia trapos que Kurt Cobain se envergonharia, mas o conjunto da obra ornava. Em seu rosto mantinha uma pelagem cheia e dura, que dava um aspecto selvagem, rústico.

Ele sabe que é disso que as mulheres gostam. Não entendia o plano de embelezamento masculino atual, onde homens ficam horas na frente do espelho, se penteando e até passando maquiagem, calças apertadas, falando fino e usando esmalte.

Não.

Mulher gosta de ser usada.

Ser pega pelo braço e ser jogada na cama. Rasgar suas roupas e fazê-la implorar por uma última noite de amor, vê-la cavalgar como uma amazona por um longo campo verde, para enfim , juntos, poderem explodir em êxtase.

Mas apesar de saber disso tudo e se esforçar para manter essa característica de homem rústico-alfa, a frase que ele mais escuta é:

- Você tem cara de bonzinho.

Não que isso não fosse algo bom, muito pelo contrario, as mulheres se aproximavam dele por isso, e como um bom canalha, a acolhe e a faz sentir especialmente única, para então poder leva-la para o já conhecido quarto de motel.

Foi assim que aconteceu com a mulher deitada ali agora.

Ela era a moça nova do escritório. Em processo de expansão, contrataram novas pessoas, e junto com ela vieram mais três deliciosas novas moças.

O rapaz quase explodiu de emoção, principalmente porque aquele trabalho estava muito parado nos últimos tempos. Poucas mulheres ali, e dessas poucas ou são casadas, velhas, feias ou ele já levou para a cama e não estava mais a fim de levar de novo.

Tinha-se acabado as opções.

Mas como sempre, ele chegou receptivo às novas funcionárias, e de moço bonzinho de família logo virou o:

- Canalha sem coração!
- Eu? - perguntou rindo numa tarde quando ambos estavam voltando do horário de almoço.
- Exato. Você engana bem com essa carinha.
- E porque acha que sou isso?
- Falei com as moças do RH ontem. Todas estão completamente apaixonadas por você.
- Ah é? Elas disseram isso?
- Não... Não precisaram falar.
- Então o que elas disseram?
- Que depois que foram pra cama com você, perderam completamente o parâmetro. - disse envergonhada.

E agora ambos estavam ali.

Ela estava de olhos fechados mordendo os lábios. Suas longas unhas com o esmalte amarelo desgastado era enfincado nas costas do rapaz que o fazia dar um novo fôlego de força quase animalesco cortando-a fundo a fazendo perder o ar e soltá-lo junto com um leve urro, efeito colateral do tesão que crescia exponencialmente por todo seu corpo.

Depois daquele pernoite, os dois voltaram ao escritório e com todo o profissionalismo do mundo fingiram que nada tinha acontecido.

O flerte tinha acabado. Assim como os longos almoços juntos, que já não faziam mais sentido.

"O bom do sexo de uma noite, é que dura apenas uma noite", era a máxima do rapaz.

Às vezes dava risada sozinho vendo a moça andando com aquela roupinha social cheia de classe e orgulho, quando que pelada na cama, perdeu completamente o quórum gritando obscenidades que até ele se assustou.

E agora a vida voltava ao normal, e a odisseia do solteiro voltava a ser vivida.

- Bom dia gostosa - cumprimentou a nova recepcionista.
- Bom dia bonitinho... E aí, quando vai raspar essa barba?
- Só depois que você senti-la.

Com um sorriso tímido dela, ele continuou andando para sua mesa e se lembrou de que tinha que passar na farmácia antes que aquele dia terminasse.

13 de setembro de 2013

Cidade Grande

Olha que complexidade, esse grande numero de pessoas no mesmo lugar.

Cada um com sua vida.

Passado, presente e futuro.

E nos cruzamos apenas uma única vez na vida.

Quem não vocês?

Para onde vocês vão?

De onde estão vindo?

Um único fecho energético de vida é muita energia. É impensável e incalculável imaginar o quantitativo de todos que estão no meu redor agora. Toda a energia gasta pelo universo para que eu estivesse aqui junto com todas essas pessoas distintas.

Isso não é coincidência.

São cálculos definidos. Isso tinha que ter acontecido.

12 de setembro de 2013

4/5

Segundo a Wikipédia:
O Modelo de Kübler-Ross propõe uma descrição de cinco estágios discretos pelo qual as pessoas passam ao lidar com a perda, o luto e a tragédia.

1) Negação;
2) Raiva;
3) Barganha;
4) Depressão;
5) Aceitação.

Kübler-Ross também alega que estes estágios nem sempre ocorrem nesta ordem, nem são todos experimentados por todos os pacientes.

Participante do 7º Festival 2 Minutos de Áudio e Vídeo da Universidade São Judas Tadeu 2013.


Ficha Técnica:

- sobre o filme -

TITULO ORIGINAL: 4/5
FORMATO: Curta Metragem
GÊNERO: Drama, Romance
DURAÇÃO: 5 minutos
ESTRÉIA: 12 de setembro de 2013
ORIGEM: Brasil - São Paulo
LÍNGUA: Português - BR

- sobre a equipe -

DIREÇÃO: Bruno Vieira
ROTEIRO: Bruno Vieira
PRODUÇÃO: Bruno Vieira, Wallace Soares, Jennifer Martins
ELENCO: Wallace Soares, Renata Dimateo, Vinícius Manfredi, Jennifer Martins
CÂMERA: Bruno Vieira
SOM DIRETO: Leandro Caproni
ARTE: Mah Freire
AGRADECIMENTOS: Rafael Cabral, Fran Vieira, Fundão Bar, Alunos do teatro-escola Macunaima, Alunos do 2BCSNRT da USJT
MONTAGEM: Bruno Vieira

*** o conteúdo deste curta metragem é autoral e completamente ficcional, sabendo que suas inspirações vieram da vivência do autor, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência ***

SÃO PAULO
2013-2014

11 de setembro de 2013

Calcanhar Elevado

TOC, TOC, TOC, TOC.
Mas que vaidade mulher
quer fuder os pés
em troca de quê?

Executivas exaltam suas belezas
no alto de seus sapatos,
homens bobos cobiçosos
nem pensam nos seus salários.

Mulheres pobres porém,
misturam, 
esquecem da fineza
em prol da beleza.

Finos, grossos e plataformas,
o que importa somente é o aplauso.
Todas inseguras,
essa é sua confiança.

Calçada maltratada
pela pressão do calcanhar elevado,
de dor ela grita:
TOC, TOC, TOC, TOC.

10 de setembro de 2013

Canalhas Urbanos #01 - A Burguesa e o Proleta

Epílogo do Proleta

A mulher está nua deitada na cama de pernas abertas. O homem também nu está no meio dela, segurando suas pernas na altura das panturrilhas. 

Ele lembra que tem que pagar o aluguel daquele mês, talvez aquele fosse um bom momento de pedir um aumento.

Ambos estão suando. Ela está gemendo. Ele está vermelho.

Tomo Primeiro - dos cumprimentos iniciais 

Um grupo de pessoas está andando na Avenida Paulista. Um homem se destaca do grupo acendendo um cigarro.

Uma mulher se aproxima dele tirando seu maço da pequena DG, procura o isqueiro na bolsa mas não acha e se aproxima dele.

B - Você tem fogo?

O homem oferece o próprio cigarro. Eles param de andar, ela acende seu cigarro e devolve o do homem.

P - Acho engraçado o jeito que o cigarro une as pessoas? - Papeia.
B - Você acha? - Responde rindo.
P - Se não fosse pelo fogo, iriamos até a loja sem trocar uma palavra.
B - Talvez.
P - Certeza.
B - Mas não podemos nos esquecer quantas vidas o cigarro tirou. Desunindo famílias -Retruca.
P - Isso já é outra teoria minha... Sobre o motivo das pessoas fumarem... Mas prefiro imaginar que fumar é um método de coerção social.
B - É uma maneira estranha de se pensar. - Analisa a mulher.
P - Mas aqui estamos. - Conclui ele.
B - Não seria o cigarro que nos uniria - Ela responde sem graça - Um dia ou outro iriamos conversar.
P - Afinal, a senhora é minha chefe!
B - Exato. - Diz rindo - Mas não me chame de senhora nunca mais!
P - Opa... Desculpa! Está mais para dama burguesa.
B - Burguesa?
P - A burguesa e o proleta .
B - Ah não... Não me diga que você é um desses marxistas chatos. - Esbraveja.
P - Namoro com Marx... Mas apenas! - Tentando se  inocentar.
B - Odeio esses esquerdistas chatos que criticam o capitalismo, mas não tem nenhum argumento correto para tal!
P - Você tem argumentos para criticar o comunismo? - Questiona-a.
B - Inflação e sabonete de crianças? - Ela chuta dando risada.
P - A verdade doí! - Diz sem acreditar.
B - Não... Não é bem assim... - Tentando concertar as coisas.
P - Não! Eu não estou brigando contigo... Eu não posso brigar com quem comanda minha folha de pagamento. - Interrompe tirando sarro.
B - É, eu sei, mas o que eu estou dizendo é que eu odeio extremismos. De qualquer jeito!
P - O ódio não seria um extremismo?
B - Você me entendeu. - Corta ele, seca.
P - Extremismos são ruins mesmo. - Recomeçando o papo - As duas pontas distantes de uma mesma linha é o que mais incomoda. Por que todo mundo não pode ficar no meio?
B - Como assim? - Pergunta confusa.
P - O proleta e a burguesa.
B - Ainda nesse papo? - desacreditada.
P - Pensei que nunca tínhamos mudado.
B - Enfim... Continua. - Sem paciência.
P - Dois personagens que nunca podem ficar juntos. Romeu e julieta...
B - Ah meu deus... Que romântico - Ela fala por cima dele.
P - Tipo alladim, o filme da disney... Sabe?
B - Você gosta de desenhos? - Se interessa.
P - Tenho sobrinho pequeno.
B - Bom... Mas eu não concordo. - Voltando ao assunto - Já namorei uma pessoa com a renda menor que a minha... - Pára de falar quando percebe que ele está rindo.
P - Você é mesmo a burguesa então.
B - De acordo com o que você está falando né. - Fala impaciente.
P - Mas eu nem estava falando disso... Relacionamentos amorosos e tudo mais. - Diz o homem.
B - Ah não? - Sem graça.
P - Não ainda - Malicioso.
B - Do que está falando então?
P - Da distância social....
B - Da burguesa e do proleta. - Conclui.
P - Está aprendendo - Ele diz rindo. - Estamos falando de nós dois agora.
B - Bobo... - Fala sem graça - Mas você não é o proleta.
P - De acordo com a definição, sim eu sou - Decisivo - Já que tenho um vinculo profissional com você, e você é a dona de loja.
B - E essa distância social acarreta no que então?
P - Em tudo.
B - Especifique, por favor.
P - Em relacionamentos.... - Diz rindo - Aqueles. Amorosos e tal.
B - Você disse que não estávamos falando sobre relacionamentos.
P - Não estava. Agora estamos.
B - Certeza?
P - Por enquanto.
B - Bom, então eu não concordo contigo. - Completa ela.
P - Seja sincera!
B - Estou sendo oras.
P - Vocês, burgueses, já tem lugares específicos para procurar alguém. E são lugares que pessoas como eu por exemplo, não frequenta.
B - Que isso!
P - Você mora em Pinheiros. Nem na capital eu moro! - Ele concretiza. - Você procura namorado no shopping Iguatemi, eu no risca faca! Não tem cachorro? Caça com gato!
B - Mas o lugar para encontrar alguém interessante é irrelevante. - Interrompe sem prestar atenção no que ele falou.
P - É mesmo? - Ele pergunta duvidoso. - Onde?
B - Pode-se encontrar alguém legal no trabalho... Por exemplo.
P - Pode mesmo... - Ele sugere.
B - Não existe perfil! - Rindo.
P - Existe sim um perfil!
B - Mas às vezes a burguesa está cansada de burgueses e os proletas cansados de proletas.
P - Sim... Isso por acontecer. - Reconhecendo a razão dela.
B - E é aí que você encontra alguém no trabalho. - Ela se repete.
P - Pode acontecer.

Ambos ficam em silêncio por um tempo, até que ele quebra o gelo.

P - E tudo isso por causa de um cigarro.
B - Foi assim com o meu ex também... Aquele da renda menor...
P - Eu não quero saber disso.
B - Oi? - Assustada.
P - Quero saber se você está desimpedida.
B - Mas e o profissionalismo? - Dá uma bronca brincando.
P - Estou sendo totalmente profissional.
B - Não parece. Você sabe que não se flerta com quem tem controle sobre seu Holletith né?
P - Não se preocupe. Tenho outras rendas também.
B - Eu sou muito profissional - Ela responde rindo. - Por isso que te contratei.
P - Não foi você quem me entrevistou. - Responde confuso.
B - E você acha mesmo que a dona da loja não tem controle sobre seus novos funcionários? - Pergunta maliciosa.
P - Porque fui escolhido então? - Curioso.
B - Porque você nos escolheu? E nem vale dizer que estava precisando de um emprego.
P - Posso te contar isso em outra hora?
B - Quando? - Simulando impaciência.
P - No nosso café.
B - Você está me chamando para sair? - Pergunta incrédula.
P - Um café profissional.
B - Um café profissional? - Pergunta desacreditando.
P - Profissional.

Ambos param na frente da loja. O pessoal vai entrando na loja, e ela indica o lugar onde todos devem entrar.

B - A loja é essa pessoal, adorei te conhecido vocês melhor na nossa dinâmica. Agora vamos pro segundo andar pro treinamento geral? - Avisa a todos.

Todos sobem. Ele olha pra trás e vê ela acendendo um cigarro na porta da loja.

9 de setembro de 2013

Corrida Paulista

Tua pressa te fez atropelar uma criança de 7 anos na escada rolante.

O horror que as cidades fazem com vossas cabeças, a desvirtualização do conceito temporal, fazem clamar por um real dia de 30 horas, oram para que não seja apenas um slogan bobo qualquer.

Tua pressa te fez atravessar correndo a rua no farol vermelho.

Ela, tenta pateticamente dar tempo ao tempo, com tais sinais coloridos, filas e pagamentos, mas a maceta multifuncional que a selva cinzenta trás, nos tira a paz e o tempo.

Recorrente e corriqueiro, nos esquecemos de respirar. 

Apenas pois estamos sempre com pressa. Pressa que nos mata de fome, e alimenta nosso corpo. apenas o corpo que sempre corre com pressa.

28 de agosto de 2013

3,14

Pela forma circular, relacionamos com a natureza. Suas cores e formas remetem ao circulo, ao ciclo, a repetição.

Dizem alguns que a cidade nada tem de natural, mas sua construção não foi feita por seres humanos naturais?

Criamos assim uma natureza artificial. Construímos nossas cavernas para morar e compramos nossas hortas para nos alimentar.

É um ciclo. Uma sucessão de repetição. Já vimos isso antes.

26 de agosto de 2013

Uma Conclusão

A conclusão é que não existe conclusão. Terceridade.

A metafísica é estudar o estudo, a eterna busca pelo conhecimento. Assim o decodificar é divido em três estágios: Interpretante imediato, dinâmico e o final.

O interpretante imediato é a própria mensagem. O interpretante dinâmico é a interpretação que se tem desta mensagem. Semântica e semióticamente falando. E o interpretante final, chamado também de terceridade, é a conclusão que tiramos desta mensagem.

Pierce, um teórico da comunicação, diz que tal conclusão não existe, pois um signo sempre leva a outro, e outro e outro e etc. assim o processo de pensamento nunca chaga ao fim, nunca concluindo um interpretante. Logo a própria terceridade não existe.

Interprete certo ou continue pensando.

9 de agosto de 2013

Nostalgia do Não Ocorrido

As melhores histórias 
nascem sempre do indagamento
do "e se...?".

Juntando todo grão de areia 
e gotas do mar, 
não daria pra contar a infinidade
que um fato modificado poderia transcorrer.

Pela tortura ou alegria, 
o diabo teve a ideia do impulso. 
Vendo que era boa a criou.
Na tentativa de apaziguar, 
deus criou as desculpas, 
mas com pressa e medo de não ficar pra trás, 
tal não ficou perfeita.

Assim, quem julgará um impulso não desculpado?
Ou quem gozará de um bem sucedido?

Pois dessas perguntas nada me incendeia, 
apenas as firulas das expectativas.

17 de julho de 2013

O Segredo das Mulheres Apaixonantes #16 - Mah

Se eu tivesse conhecido ela de outra forma, ou sofreria muito de amor ou sofreria ainda mais de ódio. Mas não, a conheci do jeito que foi, e no meio termo ficamos amigos.

Entenda que, tal resultado em qualquer outra situação teria sido algo triste, mas a amizade nesse caso é algo positivo. Antes de entender nossa relação, precisa-se entender o conceito de “profissionalismo”, “irmandade” e “mulher de amigo meu é homem”. Entendido? Prossigamos.

Sempre digo para amigos o quanto a nossa geração vai marcar história. Assim como falamos com saudosismo de Godard e Truffaut sobre a era de ouro da Nouvelle Vague, seremos assim citados nos anais da história do audiovisual.

Hoje em dia o cinema deixou de ser uma arte elitista, e a facilidade de captação e execução de peças em áudio e vídeo transforma toda mente criativa em um diretor de nome no mercado da comunicação.

O problema é a preguiça e alguém que te apoie e empurre. Foi assim que conheci a Mah. Ela precisava de mim tanto quanto eu dela. Com seu nome de uma cidadezinha do interior de São Paulo, nos perguntamos: Temos câmera, tripé, microfone e ilha de edição... porque não estamos produzindo nada?

Conhecia o namorado dela, amigo da faculdade, percebeu que pensávamos iguais e nos apresentou. Ainda me indago: ou ele confia muito no seu taco, ou eu não represento perigo algum... Enfim, Sem jeito subi na garupa de sua lambreta, e pelas ruas do centro chegamos numa cafeteria na augusta, e lá viramos sócios e parceiros. Fácil assim.

Quando sentamos e começamos a conversar o papo nunca tem fim, o tempo se comprime contra nós. Constantemente dizemos que ela é minha versão feminina e vice versa. Nossas opiniões e pensamentos são tão parecidos que mesmo discordando, concordamos com soluções.

A evolução de ideias passa por todo um processo (palavra essa que ela adora). Comunicação é tortura. Assim como na internet onde navegamos por infinitos links, quando começo a falar, ela me corta e começa a falar, e eu a corto e começo a falar, e ela corta...

Juntos temos o problema do foco. Dificilmente terminamos ou decidimos algo. Sério, já tentamos. Como ela sempre diz, vivemos no mundo das ideias. Servimos para roteiristas e editores, jamais para produtores.

Nesse mundo, Mah se transforma num ser humano desorganizado, com uma bolsa gigantesca onde grande parte desse conteúdo já poderia ter ido para o lixo. Nunca, mas Nunca a vi chegando no horário para algum compromisso... Seja ele qual for, ela vai chegar atrasada.

Mah é uma flor.

No meio de tantas palavras me perdi, já não sabia se estava falando dela ou de mim.

15 de julho de 2013

Canalhas Urbanos - Introdução

kdfrases
Equiparo o xaveco com o ato de guerra.

Um bom general conhece o adversário e ataca nos pontos fracos. É simples. Se a menina é carente, dê carinho; se fala muito, deixe ela falar, se ela é burra, seja inteligente.

É a teoria da cara metade.

A única diferença de um canalha para um romântico, é que só queremos leva-las pra cama.

Tudo depende da iniciativa.

Mulheres podem esquecer do que comeu no almoço, ou do que tem que fazer no trabalho, mas nunca vão se esquecer de uma boa iniciativa.

Leve-a pra um lugar legal.

E se tenho uma dica pra dar é: Não seja você. Se adapte. Seja exatamente o que ela esteja procurando e de bom grado ofereça doses cavalares dessa droga.

Ninguém nunca é o que aparenta ser. Você pode ser qualquer um, e qualquer um pode ser você.

Toda mulher tem o potencial de ser sua. Mas em suma advirto: o flerte não é uma ciência exata. É pura tentativa e erro. Então, que continue tentando.

Somos jovens e bonitos com toda uma vida pela frente... Porque não?

Aproveite cada momento como se fosse o último, e de preferência do lado de uma boa companhia. Enquanto não acha as certas, que fique com as erradas. E sempre torça para que não ache ela tão cedo.

Assim como no teatro, a arte da conquista é dividida em 3 atos: a introdução, o desenvolvimento e a... Bom o terceiro ato.

Não tem jeito!

Corações serão partidos... Se você não esta preparado, é melhor nem descer pro play.

O segredo é se blindar com sua melhor armadura, se livrar de todo e qualquer código moral e ético que tenha e pronto, o guerreiro perfeito.

Quem menos se envolver, é quem tem o poder.

Todo mundo já teve uma boa história de conquista. É a nossa natureza. É a odisseia do homem comum. Se Nelson Rodrigues podia, porque eu não posso?

Deixa que digam, que pensem, que falem... Eu não ligo.

Eu sou cachorro... Sou canalha...

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Índice
  1. A Burguesa e o Proleta - Primeiro Tomo
  2. O Aluno e a Atriz - Primeiro e Segundo Tomo

12 de julho de 2013

O Segredo das Mulheres Apaixonantes #15 - Sara

Porque eu não beijei Sara?

Sofrer por não beijar é igual a não amar. Pelo menos corroí igual. Pensar o que poderia ter acontecido, os caminhos dos atos que poderia ter tomado, o destino de onde você estaria agora. O modo de pensar é completamente diferente.

Porque eu não beijei Sara?

Essa é minha tortura, o motivo de apenas pensar nessa pergunta. Dezenas de respostas, nenhum ato verossímil.

A única coisa em comum, é a pergunta, o agente torturante, a única coisa que faz bater meu cérebro igual um coração.

Conheci Sara numa oficina de cinema férias. A primeira vez que a vi, a vi como a única mulher que valia a pena naquele circulo. Sara.

Pele negra e macia, cabelos densos e olhos grandes que quase formam um desenho, olhar opressor e oprimido ao mesmo tempo, lábios proeminentes lindos.

Porque eu não beijei Sara?

Já neguei, me deprimi, zanguei e barganhei, apenas falta a aceitação do pelo qual me pergunto... Porque?

13 segundos

para Sara Alves.

- Próxima estação Sé, desembarque pelo lado esquerdo do trem - anunciou o maquinista. 

O metrô estava chegando na plataforma da estação que a garota ia descer. Pela velocidade do trem, e a metragem média das plataformas das estações de São Paulo, o jovem rapaz calculou aproximadamente 13 segundos até o trem parar, abrir a porta, ela sair, a porta fechar e ele continuar a viagem sozinho. 

Também dava tempo dele pegar no braço dela, e beija-la. 

13... 

Eles se conheceram no próprio bar onde estavam bebendo. Um amigo em comum os apresentou, e com afinidade começaram a conversar por horas a fio, até quando ela olhou assustada para o relógio de pulso dourado, e disse que tinha que ir embora se não ela ia dormir na rua. 

...12... 

Ele não se importa muito com o horário que o metrô fecha. Pelo menos não desde que ele começou a morar numa kitnet no centro velho de São Paulo. Perto da praça da Luz, na nata do Bom retiro.

Dali, ele podia ir andando para qualquer canto da cidade. 

...11...

Naquela quarta-feira, com um clássico do futebol paulista passando na TV (que alias era seu time que estava jogando), um de seus melhores amigos estavam completando mais uma primavera.

As piadinhas e trocadilhos sobre seus recém 24 anos estavam rolando solto no minúsculo bar no Paraíso, há alguns poucos metros do shopping Paulista. 

...10...

Alias, ele nem sabia se ali realmente era o bairro do paraíso. Aquela região era uma confusão de nomes e fronteiras de bairros, ruas com nomes de países etc... Enfim, isso não é importante agora. 

...9...

A única coisa que importa é ela. 

Apenas. 

...8... 

Mesmo com a quantidade torrencial de cerveja que ambos tomaram, ele prestou muita atenção em tudo que ela disse.

Ela veio de algum lugar do interior, por algum motivo importante, mora aqui em São Paulo a algum tempo considerável com algumas pessoas perto de alguma estação de alguma linha qualquer do metrô. 

...7... 

E ELA É SOLTEIRA. 

...6... 

A porta do metrô se abriu, e ela não se mexeu muito. Nem parecia que ali era a estação que ela tinha que descer. Ele ficou parado olhando pra ela. 

Mesmo que aquele fosse o último metrô, daria pra ele descer ali e seguir andando para sua casa. O problema talvez fosse ela, já que tinha que se baldear a outra linha. 

Mas se o beijo rolasse naquele momento, nada impediria dela passar a noite na sua casa. 

E o cenário só melhorava. 

...5... 

Ela também estava afim. 

Sentia o cheiro dos feromônios a milhão. Bastava ele a puxar pra comemorar o gol. 

Alias, será que teve mais algum gol? 

Afinal, em outras circunstancias ele continuaria na festa até todos irem embora, mas hoje, depois de toda aquela boa conversa com ela, quando ela anunciou que tinha que ir embora, ele prontamente se ofereceu e de bom grado ela aceitou, e agora ambos estavam ali se encarando. 

...4... 

O vagão não estava cheio. Eles estavam na extremidade sul e dali dava pra ver o casal lésbico se beijando arduamente na outra extremidade, um jovem inconsciente de bebida dormindo mais no centro do trem, e perto dos dois um senhor com um boné velho, desses distribuídos em eleição, com um celular na mão sintonizado no jogo. 

...3... 

Ele começou a lembrar de toda a conversa do bar, e das inúmeras vezes que ele podia ter a beijado, e ele não fez nada. A conversa era boa, e tão fluente que as vezes ele pensava em outras coisas, firulando sobre o que ela dizia, e o que ele poderia dizer, entrando em seu mundo próprio. 

...2... 

Ela era muito comunicativa. Enquanto ela era de humanas, ele era de exatas e seus pensamentos voavam rápidos, lógicos e certeiros. 

Como sempre, muito bom na teoria. 

Ele sabia coisas como a velocidade do metrô e a metragem das plataformas por causa de um trabalho de faculdade que ele teve que apresentar, falando sobre reformas e melhorias públicas. 

Trabalho esse que ele ainda não sabe a nota.

O metrô apita, avisando que a porta vai se fechar. 

Ela sai do vagão e aproxima o rosto do rosto dele, e ele faz o mesmo.

 ...1... 

- GOL! - gritou o senhor que estava escutando o jogo. Não sabia que time tinha marcado. 

Não importava. Não agora.

 ...0

Ela beija em sua bochecha. 

Ele faz o mesmo. 

Ambos ficam se olhando, enquanto a porta começa a fechar. Ele ficou olhando para ela pelo vidro quando o trem começa a andar e pegar velocidade. Ela vai embora, descendo pela escada rolante. 

A próxima estação já era a que ele descia, mas ele não estava pensando nisso. Ficou ali parado pensando porque não tinha a beijado.

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7 de julho de 2013

Manual do Suicídio Politicamente Correto

Qual é o sentido lógico do suicídio?

Entendo que às vezes a vida pode estar muito ruim, por milhões de problemas sortidos, mas desistir da solução não passa de preguiça intelectual.

Quando alguém se mata por amor, sempre se escuta: “mesmo com tantos peixes no oceano”. Se matar por amigos tem a clássica: “amizade só de pai e mãe”. Quando é por muitas dividas, todo mundo topava emprestar dinheiro; e quando são problemas familiares todo mundo concorda que “não foi por falta de amor”.

A questão é que temos que aprender a viver sozinhos, porque quando pensamos em acabar com a própria vida, é porque temos problemas que quase sempre não são nossos.

O fato é que todo mundo um dia já pensou nisso, e não soube como, ou não teve coragem.

Um brinde ao nosso medo, se não a população mundial seria bem menor hoje em dia. E caindo.

Uma corda no pescoço é muito bruto e claustrofóbico, além da visão para quem ver não seja nada bonita. Se jogar de um prédio também é complicado para quem for te limpar depois, assim como pular na frente de um trem ou carro, sem contar o transito que seu corpo morto criará.

Talvez o mais recomendável seja veneno. O grande sonho da maioria das pessoas é morrer dormindo, pois então veneno é uma grande ideia. Para quem gosta de álcool, tranquilizantes com vodka sempre é uma boa pedida.

Mas de qualquer forma, ainda não faz sentido acabar com a própria vida, seja por problemas ou curiosidade post mortem. Por pior que seja a vida, ainda tem-se chance de uma leda melhoria. Significativa ou não, quase nada sempre é melhor que o nada.

Se todos esses conselhos não ajudam, escreva uma boa carta, nada muito choroso, nem culpando ninguém (isso é muito feio e antiético), e aproveite os remédios.

Presa Fácil

Todo homem adora uma presa fácil.

Presa fácil é aquela mulher cujo não tem muita dificuldade em conquista-la. Não estou falando daquelas que ficam com qualquer um a qualquer momento. Não, essas são vadias, estou falando das apaixonadas.

Digo que elas são fáceis porque basta falar no pé da orelha qualquer coisa romântica, que ela já se derrete toda.

E todo homem, em sua essência conquistadora (e por consequência reprodutora), é romântico. Pelo menos fingi que é, ou apenas sabe ser na hora certa.

A verdadeira questão é que toda mulher gosta de ser cortejada. O flerte é massagem de ego. E é aí que entra o romantismo, mostrar seu melhor lado e dizer até onde está disposto para a conquista do coração dela.

Assim sendo, as ditas presas fáceis, são fáceis porque se derretem toda com a perspectiva do romance. Falso ou não, é o que aparenta, e assim é: diga uma coisa bonita e inteligente a lá Woody Allen, e bingo!

Os problemas disso estão nos efeitos colaterais. Por serem bobinhas e abertas, elas encontram em canalhas labiosos um falso porto seguro cheio de inseguranças, e aí se quebram órgãos que nunca deveria ser quebrados.

Mas isso não é regra. O romantismo nasce de tantas formas variadas, que criar formas e leis é um tiro no pé para novas perspectivas.

De qualquer jeito, sempre que se sentir sozinho, ou querer esquentar o pé numa tarde fria, encontre aquela amiga presa fácil, e mande a baboseira certa.

Para atualização, assista muitas comédias românticas, principalmente no final, quando o mocinho corre pelo aeroporto para reencontra-la. Lá estão as melhores coisas para serem anotadas e praticadas.

26 de junho de 2013

Vox Popularis

Manifestai-nos
cria-te coragem
saímos às ruas
gritar contra
o sistema americano liberal.

Manifestai-vos
pela força pública,
pelo real conceito de democracia,
pela expressão livre
pela manifestação.

Pelo tom subjetivo do poder
não estamos em revolução
não somos manifestantes,
somos os governantes,
cansados de baderna e vandalismo.

Proletários de todo o mundo, uni-vos!

22 de junho de 2013

Sentimentos da Primeira Noite de Inverno

Quebrar o braço daquele filho da puta.

“E aí troxa”, foi o que ele disse pra mim.

De pau duro pela Elisabete,
Heloise, Maitê, Marilyn Renata, Vanessa.

Já está tarde e amanha quero acordar cedo.

Camila foi minha primeira tentativa de começar algo certo,
Andressa é a segunda, e de novo tudo tá dando errado.

Eu o traí? O gordo?
Por isso que me chama de troxa?

Me traiu. Quebrar o nariz daquele filho da puta.

Não é pelo sexo, é pelo frio.

Uma vez me disse que o frio é falta de amor.
Fodeu, porque o inverno começou.

Adorava passar a noite bebendo cerveja, mas agora se entorpecer não faz mais sentido.

Só sei que está frio, e amanha quero acordar cedo para sair do ócio, e fazer algo.

Amanhã é sábado, tem culto, me lembra da infância.
E aqui vai mais uma tentativa de fazer algo de bom. Com ela não deu.
Antes, com a Camila, não deu.
Hoje, com Andressa, também não está dando também.

Só quero ver aquele filho da puta sangrar.

Pensei em me juntar com o gordo, para bater naquele filho da puta.
só por diversão. Só pela dor.
Mas ele não gosta de mim. Hoje me chamou de troxa.

Ainda estou com o gosto da cevada. Sem graça.

Só sei que está tarde, e amanha quero acordar cedo.

Uma vez ganhei uma medalha de bronze numa competição qualquer na escola.
Meu pai olhou e disse:
muito bom, mas teve dois melhores que você.
Isso não foi um incentivo.

Quero quebrar a perna daquele filho da puta.

Está frio, e hoje é a primeira noite de longo inverno.

Estou sozinho e com raiva do passado.
Me apego a memórias, mas também fico irritado com elas.
E o pior é saber que tudo piora no inverno.

Só sei que está tarde e frio, e eu vou dormir.

18 de junho de 2013

O Segredo das Mulheres Apaixonantes #14 - Ariane

Ser amigo de casal é complicado. Você não é amigo dela ou dele, é amigos deles. Mas isso foi um pouco antes e bem depois... A história propriamente dita descarta essa variável.

E muito antes de eu sequer pensar maldade, eu conheci Ariane.

Ela foi por anos minha professora de inglês. Nesse tempo tínhamos um relacionamento estritamente profissional. Eu era aluno e ela era minha professora, nada além disso. Claro que tem aquele mal de Édipo comum entre homens mais novos e mulheres no poder. Mas isso também era impensável. Era linda, mas era minha professora comprometida.

Mas os problemas vieram quando ela ficou solteira, e eu completei a maior idade de acordo com a lei brasileira, ou seja, a gente já podia beber juntos sem nenhum problema estritamente legal.

Nas primeiras vezes que nos encontramos no extraclasse foi exclusivamente para falar do seu termino. Funcionei como um ouvido, mas ao mesmo tempo eu estava um pouco tenso. Não entendi o motivo de a minha professora gostosa me chamar pra beber...

Foi quando por alguns momentos eu pensei: Ariane quer. A veracidade dessa afirmação nunca foi posta a prova.

Mas a gente teve uma relação de amizade que nunca tive com nenhuma outra pessoa. Eu saia do trabalho na hora do almoço para encontra-la, marcávamos de nos ver entre o tempo da faculdade e o trabalho, comemos cupcakes e conversávamos sobre a vida e a falta de dinheiro. 

A falta de dinheiro. Uma constante.

Víamos-nos pelo menos 4 vezes por semana, e eu nem to considerando sexta, sábado e domingo. A quantidade de cerveja foi inacreditável.

Cerveja. Outra constante.

Alguns dias antes das festas de fim de ano, ela me chamou para ir pra praia com um casal de amigos. Aquela minha sensação estava virando realidade.

Naquela viagem realmente não saiamos um lado do outro. Foi lá que conheci seu passado nebuloso e moralmente contestável. Bebemos muito. Foi comigo que ela tomou seu primeiro shot de tequila e fumou seu primeiro baseado. No final da noite vimos o nascer do sol e eu insistia que era o pôr do sol de tão maluco que estava. Chegamos quase 6 da manhã no quartinho apertado do apartamento acordando o casal com os olhos vermelhos e a cabeça girando.

Foi uma boa viagem.

Assim eu aprendi duas coisas. Mesmo não parecendo, Ariane não queria dar pra mim. E aprendi também um pouco mais sobre ela.

Ela precisa de amigos ao seu lado, alguém para escutar e dar conselhos. Fui um instrumento em suas mãos quando ela mais precisava. Fui usado para ela não se sentir sozinha. Mas eu não tenho nenhum rancor dela, pois foram bons momentos. Eu estava sempre presente com ela, assim como ela estava comigo, precisávamos um do outro.

Tem cabelos curtos cacheados na altura do pescoço. Uma bochecha estufada. Seu estilo de se vestir um pouco hippie e regueiro revelam seus sentimentos de liberdade. Muito ativa e criativa, nunca fica parada, e por isso sua vida sempre tem incríveis novidades. Ela sabe contar uma boa historia.

Alguns meses depois de nossa primeira cerveja ela voltou com o ex-namorado. Ela me afirmava que não sentia mais nada por ele, e bravejava o quanto ela perdeu tempo e o odiava, mas no fundo mesmo eu sempre soube que ela o amava, e sentia sua falta.

Nossa relação foi muito boa. Para alguns ela estava me dando mole, para outros eu estava sendo seu objeto, mas pra mim (e acho que pra ela também) fomos amigos. Uma constante.

16 de junho de 2013

O Segredo das Mulheres Apaixonantes #13 - Outra Camila

Camila foi uma tentativa de fazer alguma coisa certa.

Você olha para trás e começa a perceber que fez más escolhas, e que está na hora de tomar um rumo certo. Mesmo isso sendo a coisa mais esperada pelos outros, você decide mudar simplesmente porque você tem que mudar, por você mesmo.

E aí tudo dá errado.

Ela é muito vaidosa. Pra ser sincero, ela é a única mulher que o esmalte de suas mãos realmente realçava alguma beleza significativa. Homem nunca olha para a mão da mulher, mas para as mãos de Camila eu sempre olhava. Admirava os dedos, e de três em três dias olhava para suas mãos de novo para poder ver de que tom estava a nova pintura. Valia a pena. Eram lindos. 

Olhos castanhos claros, e um sorriso cheio lindo. Cabelos longos quase até a cintura. Mas não eram seus atributos físicos que me chamavam a atenção, e sim a Camila que estava escondida.

Ela era engraçada. Sempre tinha alguma piadinha que mandava na hora certa. As vezes a piada e o riso eram forçados, mas não importava, eu sempre ria com ela. Ela também ria das minhas piadas. Eram momentos engraçados.

Era a segunda ou terceira vez que fazia as aulas de álgebra (nunca me importei porque eu nunca entendi álgebra). Ela era bichete e eu seu veterano, sobretudo, amigos de classe sempre as quartas durante o primeiro período. As únicas aulas que eu fazia questão de não chegar atrasado.

Inteligente e aplicada. Era visível o esforço que ela fazia para acompanhar tudo e fazer tudo por ela mesma. Mas tirando isso, não consegui decifrar Camila. Parecia que ela estava sempre feliz em estar ali contigo, mas ao mesmo tempo tinha duvidas disso.

O que aconteceu é que nunca passei de uma expectativa. Eu a olhava como a solução para meus problemas, a mulher que me tiraria de do fundo do poço e me levaria à luz. A mulher perfeita, companheira e parceira. Só que ela não queria esse fardo pra ela.

Ou talvez, só não me queria mesmo.

Sai da faculdade, e continuei flertando. Em vão. Alguns meses depois descobri que ela começou a namorar. Mas agora eu sei que ela ta feliz. Completa. Qualquer outra coisa que eu diga é egoísmo meu.

12 de junho de 2013

O Segredo das Mulheres Apaixonantes #12 - Zil

Estava eu nas quentes terras do extremo norte do sertão de Minas Gerais, na cidadela natal da minha mãe onde viveu até idade adulta. Deste que me entendo por gente, quando possível em época de férias, íamos visitar tios, primos, parentes... A cidade é tão pequena que parece que todo mundo tem algum parentesco.

Mas eu nasci em São Paulo. Sempre tive maior ligação com minha família paterna. Mas nunca neguei meu outro lado, e foi numa dessas aventuras que conheci Zil.

Não lembro do nome dela. Chamava-a assim porque sabia que a irritava, ela odiava esse apelido, e assim ficou: Zil.

Ela gostava de beber como ninguém. Dizia que água se bebe em casa, sempre estava com uma cerveja na mão.

Numa véspera de natal, a cidade inteira se junta em um grande salão próxima a praça da igreja. Começamos a conversar, e depois da meia noite eu pedi meu presente. Olha que até demorei, mas valeu a pena.

Beijamos com muita intensidade. Várias vezes algum colega chegava brincando e a gente nem prestava atenção. Alguns gritavam que iam jogar água, dávamos risada, e voltávamos a nos beijar.

Depois das 5 da manhã a festa já estava quase acabando. Com dois ou três gatos pingados pelo salão ainda querendo dançar, eu só queria sair dali com ela, mas ela só falava pra eu esperar mais um pouco. Dizia alguma coisa safada na minha orelha, e eu já era todo seu de novo.

Tomei um susto quando saímos do salão, e a consegui a ver direito com a fraca luz do dia nascendo. Ela não era feia, mas também estava longe de ser bonita. Ainda mais com a maquiagem toda borrada da boa noite. Mas seu corpo compensava tudo, com os seios grandes e durinhos, e um bumbum rebolador e empinado.

Muito sensual sabia utilizar o que tinha. Com uma vozinha pra qualquer um ter múltiplos orgasmos múltiplos, ela disse para nos vermos amanha, e eu topei.

Com essas armas, a safada da Zil deixava qualquer homem louco. E Eu não fui exceção.

Pena que esse dia nunca chegou. Descobri que ela foi pra outra cidade passar o réveillon com outros parentes, e nunca mais a vi.

Meses depois fiquei sabendo que ela parou de beber, se casou com um homem rico da cidade vizinha.

E que ela é minha prima.

Pois é... Os males de cidades pequenas.

Festa em Família

Baseado no conto Feliz Aniversário de Clarisse Lispector.

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Quando o despertador tocou naquela manhã de domingo Dorothy já estava acordada. Era um dia especial pra família toda. Sua vó fez 89 anos naquela semana, e resolveram fazer uma festa naquela tarde de domingo. Um almoço com um bolo e salgadinhos e quem sabe se divertir um pouco com a família. Mas sua família não era assim tão feliz.

Essas festas em família sempre fora o centro de grandes discussões e brigas. As principais personagens são as esposas de seus tios que se odiavam. Já houve até divórcios em outros aniversários por causa de ciúmes. Ela nunca entendeu o motivo dessas brigas, mas tanto faz, Dorothy gostava de vê-las brigando seja por ciúmes ou por inveja. Dorothy não gostava de nenhuma delas.

A tia Denise por exemplo, esposa do tio José (que por acaso é sócio de seu pai nas lojas de construções da cidade), sempre usa aquele colar de perolas falsa com um vestido preto ou branco sem graça, e não para de repetir que ela colocou o original num cofre de banco, e que usa aquela copia para enganar bandidos.

Dorothy, no alto de seus 13 anos sabia que aquilo era mentira, e que Denise só falava disso para se gabar dizendo que tio José é o único filho que seu deu bem na vida. O que também é uma mentira, já que escuta seus pais quase todo dia dizendo que ele está se endividando muito com aquele carro amarelo horroroso que ele comprou.

Enfim, Dorothy adorava essas festas por causa das brigas e também por causa da comida da tia Zilda. Ela cozinhava muito bem. Seu pai sempre dizia pra ela abrir seu restaurante, mas Tia Zilda não tinha tempo. As vezes Dorothy ficava com dó dela, a única mulher da família, e ainda tem que cuidar da vó, uma mulher que o tempo deixou-a amarga. E foi assim que a viu quando entraram pela porta da sala, depois de subir 3 andares de escada, já que o elevador estava quebrado, de novo.

A casa já estava bem cheia quando chegaram. Muitos primos e vizinhos. Cumprimentou a nora de Ipanema, uma mulher de poucas palavras sentada no canto da sala conversando com a babá dos meninos... Dois pestinhas.

Em seguida queria ir embora, mas seu pai a obrigou a cumprimentar a vó, não queria ir porque morria de medo de encara-la por muito tempo. Chegou perto e estendeu a mão:

- Benção vó!

A vó olhou de canto de olho e resmungou alguma coisa que não deu pra entender. Olhou pra trás um pouco desesperada, e o pai lhe deu um olhar de reprovação, então ela resolveu puxar um papo qualquer para descontrair:

- Poxa vó, esse prédio está um caco hein! Acho que ta na hora da senhora e tia Zilda saírem daqui... A prefeitura vai demolir isso um dia ou outro!

Dessa vez a vó apenas bufou em fúria. Percebeu que falar disso era pior do que as tentativas sem graça do tio José e de seu pai de fazerem piadas. Olhou pra trás de novo procurando a ajuda do pai, mas ele já estava falando com o tio José sobre as lojas, e quando eles começam nada os impedem. A não ser o olhar raivoso de sua mãe, mas ela deve estar ocupada na cozinha ajudando a tia Zilda.

Indo em direção à cozinha, viu que era verdade. Roubou um croquete da ajudante da tia, e desceu as escadas para ver se tinha alguém de mais interessante lá em baixo.

Chegando lá tinha apenas os dois meninos, aqueles que estavam com a mãe e a babá. Eles estavam no canto da parede com um copo não mão.

- Onde está seu pai? Ainda não chegou? – Perguntando puxando assunto, e também estava curiosa porque o pai deles era lindo.

Assustados jogaram o copo fora, e saíram correndo escada a cima.

Dorothy chegou perto, e cheirou o copo, e não acreditou que dois garotos de 5 anos estavam tomando vinho escondido. Sozinha ficou ali sentada um pouco pensando na vida, vendo mais alguns carros chegarem, mais pessoas subirem a escadas até que desceu também o seu primo Júlio.

Ele era mais velho uns 4 anos, e era lindo. Ele era muito inteligente, e Dorothy era louca para dar um beijinho nele, mas ele não dava muita bola pra ela, talvez por ser gordinha, mas ela não queria pensar sobre aquilo. Ele chegou perto e ficaram conversando sobre a problemática família deles.

- Mas hoje está muito calmo né? Uma hora dessas em outro aniversario nossas mães já tinham saído na mão a um bom tempo! – Disse ela.

- Ah, mas hoje é aniversario da nossa vó! – disse rindo - Tia Zilda disse que queria respeito no aniversario da velha. E aí todos prometeram nada de barracos!

Foi a coisa mais decepcionante que ela já ouviu naquele dia. E ainda restava muito para acaba-lo, nem o bolo fora cortado ainda.

E bastou pensar nisso que alguém apareceu na janela 3 andares a cima gritando que iam cortar o bolo. Meio desanimada ela foi subindo a escada com o Júlio do lado, e antes de chegar perto da porta já estava aquela confusão musical que sempre acontece.

Cantar parabéns em inglês em terras brasileiras nunca fez muito sentido pra ela. Mas parece ser uma tradição de família cantar em cima do “parabéns pra você” o “happy birthday”. Nunca teve graça.

Pensou nos meninos tomando vinho lá em baixo, e resolveu aproveitar que todos estavam na sala homenageando a Vovó rabugenta, para ir até a cozinha e roubar mais alguma coisa de comer, e quem sabe um copo de vinho também.

Olhou para trás e encheu um copo de plástico com um vinho vermelho sangue, e pegou mais algumas especiarias fritas pela tia... Quando de repente todo mundo se calou na sala. Ela não sabia o que era, mas um leve sorriso cresceu em seu rosto, pois sabia que quando a sala fica silenciosa demais, algo de ruim está para acontecer.

Foi correndo pra sala, e perguntou para o Júlio que estava chocado encostado no batente da porta:

- A vovó pirou!

Dorothy olhou para a sala e lá estava a tia Zilda sem olhar pra trás dizendo e repetindo:

- Mamãe! - gritou mortificada a dona da casa. - Que é isso, mamãe! Mamãe, que é isso! - Não parava de falar isso em reprovação - A senhora nunca fez isso! – E essa ultima frase parece que foi dita mais alto do que as outras para que todos ouvissem.

Dorothy olhou ao redor, e todos estavam chocados. Tia Zilda já sem forças admitiu:

- Ultimamente ela deu pra cuspir...

Aquela dó que ela já sentia pela sua tia cresceu mais naquele momento. Uma mulher que a idade já lhe tirou o vigor e a beleza e que sempre teve que ficar presa em uma casa para cuidar de uma mulher rude e velha, que nem lhe dá atenção, e agora fica cuspindo pela casa fazendo-a limpar.

Ela entendia a vergonha que a tia estava passando. Aquele ato da vó era quase como se tivesse jogado todo o trabalho da tia pelo ralo. E todos ali na sala estavam parados, estagnados pensando que seria melhor ela ficar num asilo.

Dorothy deu um passo a diante para abraçar a tia Zilda ali do meio, e dar um abraço nela, mas seu ato é interrompido pelo resmungo de sua vó.

- Me dá um copo de vinho.

O susto subiu pela espinha num suor frio. Ficou se perguntando como sabia que ela estava bebendo vinho?

- Vovozinha, não vai lhe fazer mal? - Tentando ser mais fofa e assustada o possível para que uma possível bronca sobre o fato dela ter 13 anos e estar bebendo vinho não seja lembrado a diante.

- Que vovozinha que nada! – gritou a vó, e isso já era algo interessante porque não fazia ideia de que a velha ainda tinha fôlego para gritar desse jeito. Dorothy também percebeu que todos se assustaram por isso também. - Que o diabo vos carregue, corja de maricas, cornos e vagabundas! Me dá um copo de vinho, Dorothy! - ordenou.

Dorothy sempre que não sabe o que fazer, olha para seu pai, e assim o fez. Todos estavam tão assustados quanto ela. Então viu que a única saída era dar seu copo para a vó.

Após fazer isso, saiu por onde entrou e lá estava seu primo Júlio com um leve sorriso no rosto:

- Parece que a tia Zilda se esqueceu de avisar a vó para se comportar também!

Dorothy quis dar risada, mas manteve a cara de passiva, pois mais a diante estava vindo seu pai com uma cara de nervoso. Júlio também viu e saiu de perto para não escutar a bronca também.

- Você estava bebendo vinho? Você é uma criança!

Dorothy ficou no carro de castigo até o final da festa. Mas ela não estava triste. A festa foi melhor do que ela esperava. Melhor do que ver mulheres de 40 anos se atacarem sem motivo nenhum. Ver uma velha amarga descontar toda a raiva de uma vida não vivida em seus descendestes. “Fazia muito sentido”, pensava Dorothy “minha vó deve olhar pra gente como sendo o fim do mundo, afinal de contas, somos nós que estamos levando o legado da família para o futuro, e somos uma droga de família”. Deu uma risada gostosa.

Ficou ali no carro vendo o movimento. Depois de umas horas os mesmos meninos que estavam bebendo vinho mais cedo, voltaram por mesmo lugar, mas dessa vez com um maço de cigarro inteiro nas mãos. Dorothy não precisou fazer nada, porque o lindo do pai deles chegou bem na hora que eles pegaram o isqueiro.

Agora era esperar ano que vem para ver quem seria a próxima vitima da vovozinha.