30 de agosto de 2015

Boa Noite

sempre que dizia boa noite, lembrava-se dela.
em tempos conturbados e confusos, e sob a visão de algo novíssimo, ele apenas queria ser ser alguém normal, sem pretensão ou exigências. tomou como filosofia de vida e rotina, parou de pensar no destino, e sim no processo do caminho.
quando a conheceu não queria pensar nela, mas seus olhos se fundiram, não por necessidade, mas por correspondência.
"ė areia demais", era o que pensava.
"aconteceu", era o que todos diziam.
sua fala era calma e adiante, sem pausas ou tremedeiras. a voz e o pensamento enfim trabalhavam em uníssono, como um sistema mecânico perfeito e sem defeitos.
bom dia na alvorada, boa tarde no almoço e boa noite como um desejo pleno de que nada catastrófico acontecesse até o próximo bom dia.
e em tempos tão rudes e maléducados, se perde os bons costumes subvertendo-se em convenções formais demais para a agilidade urbana.
mas ele realmente queria que ela tivesse uma boa noite.
ele mesmo tão sem pretensão, percebeu nela os sinais de que o desejo não era apenas seu, de que não estava maluco ou vendo coisas, de que de alguma forma ela se interessou.
naquela festa a viu de longe, sempre tão cercada e requisitada. "é areia demais" pensou. não conseguiu lidar e fugiu, fez más escolhas, mas resolveu voltar ao perceber de que não precisava conquista-la, pois ela já era sua.
conversaram tempo demais para o tempo real, mas viveram bons momentos para o tempo vivido.
foi só então naquela noite, naquela noite, que tiveram uma boa noite.

4 de agosto de 2015

[O NOME DE DEUS] em produção

Platão afirmava que existem dois mundos, o mundo sensível (a realidade em que vivemos, o mundo concreto) e o mundo das ideias. No inicio existiam apenas ideias: O bem, a verdade e o humano, então veio um ser superior e decidiu criar coisas a partir do que ja existia, criando assim o mundo que conhecemos, as pessoas, as sociedades e todos seus costumes e culturas. Para Platão sua criação foi muito rica, porém imperfeita, pois é apenas uma copia de algo que já existia.

"Há, pois, o mundo das idéias e o mundo das aparências. Quem não percebe isto vive como que numa caverna, onde o conhecimento se faz por meio de sombras..."

- Trecho do Livro Sétimo de "A república" de Platão.

Observação de desenvolvimento do conto "Nome de Deus".