28 de dezembro de 2014

Crise Hídrica

"Consequências da crise hídrica faz sua primeira vítima", dizia o obituário do jornal naquela manhã. José Francisco Simões morreu com 34 anos, morava em São Paulo e tinha um sério problema, ele tinha um pau pequeno.

Em sua vida adulta este fato nunca o incomodou em nada, pois ele acreditava que o que realmente importava não era o tamanho da varinha, mas sim a mágica que ela faz. Sempre muito galanteador, suas amantes ficavam desapontadas no começo da noite, porém no final estavam complemente satisfeitas com o feiticeiro José.

Porém carregou um trauma infantil para seus dias atuais, que era fazer xixi em lugares públicos. Aos 7 anos José aceitou uma aposta de ir até o depósito do Mercado Municipal de São Paulo, e fazer xixi em cima das caixas de couve-flor, e depois sair correndo. Tudo isso por causa de 5 cruzeiros. 

Nessa seus amigos viram o tamanho do seu pinto, além de ter tomado paulada do mercador. Ficou traumatizado e não ganhou seus 5 cruzeiros.

Todo lugar que não fosse sua casa, José não conseguia urinar. Aos 11 anos, sua mãe, Ednalva, com medo de acontecer algum problema de saúde com seu filho por ele segurar o xixi, o ensinou um truque. Sempre que José ficasse com vontade, ele deveria ir a qualquer banheiro e apertar a descarga, assim o barulho de água descendo estimularia ele a urinar de verdade.

No dia 19 de dezembro de 2014, no meio da confraternização de fim de ano da firma, uma ambientalista, Ana Julia, ficou chocada quando José disse que sempre dá duas descargas quando vai fazer xixi, uma antes e uma depois. Ana Julia só deixou José em paz naquela noite, se ele prometesse que ele ia parar de fazer isso, principalmente porque São Paulo estava no meio de uma crise hídrica e deveríamos e reduzir os gastos imediatamente se não todos morreriam de sede.

No meio de tanta cerveja, José ficou se perguntando do porque disse pra todo mundo que tinha que dar duas descargas sempre que fosse aos banheiro. Claro que não contou sobre seu pequeno problema, embora algumas garotas que estavam na mesa soubessem do seu segredo, não queria que todos na numa mesa de bar ficassem sabendo disso. Porém, José se aproveitou que a ambientalista estava tão nervosa com o ritual dele, e se aproveitou para usar isso como uma arma de conquista.

José prometeu que nunca mais daria duas descargas, e que só daria descarga se fosse o numero 2, e ainda foi dormir na casa da ambientalista. Como sempre, no começo ela se indignou com o diminuto pênis de José Francisco, porém ficou em êxtase com as maravilhas que José fazia.

Após o coito, José queria urinar. Foi ao banheiro, sabia que não conseguiria completar a missão pois aquele não era o seu banheiro, e quando ia apertar a descarga para começar o processo, se lembrou da promessa que fez para a mulher que estava dormindo no quarto ao lado. Tinha tomado muita cerveja naquela noite, e ele preferiu segurar, do que deixar São Paulo inteiro na seca.

De manhã, Ana acordou louca para mais um pouco de José, porém percebeu que ele estava morto.

O legista disse que sua bexiga havia explodido, porém ninguém na sala havia entendido a causa da morte. Ele então usou uma metáfora para explicar: "é como um balão cheio d'agua que explode porque está cheio". Foi quando todo mundo entendeu.

Naquela noite, após o enterro, ninguém rezou, fez minuto de silêncio ou acendeu vela alguma, mas todos deram duas descargas em suas casas.

Na lápide está escrito: José Francisco Simões, mije em paz.

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