sempre que dizia boa noite, lembrava-se dela.
em tempos conturbados e confusos, e sob a visão de algo novíssimo, ele apenas queria ser ser alguém normal, sem pretensão ou exigências. tomou como filosofia de vida e rotina, parou de pensar no destino, e sim no processo do caminho.
quando a conheceu não queria pensar nela, mas seus olhos se fundiram, não por necessidade, mas por correspondência.
"ė areia demais", era o que pensava.
"aconteceu", era o que todos diziam.
"aconteceu", era o que todos diziam.
sua fala era calma e adiante, sem pausas ou tremedeiras. a voz e o pensamento enfim trabalhavam em uníssono, como um sistema mecânico perfeito e sem defeitos.
bom dia na alvorada, boa tarde no almoço e boa noite como um desejo pleno de que nada catastrófico acontecesse até o próximo bom dia.
e em tempos tão rudes e maléducados, se perde os bons costumes subvertendo-se em convenções formais demais para a agilidade urbana.
mas ele realmente queria que ela tivesse uma boa noite.
ele mesmo tão sem pretensão, percebeu nela os sinais de que o desejo não era apenas seu, de que não estava maluco ou vendo coisas, de que de alguma forma ela se interessou.
naquela festa a viu de longe, sempre tão cercada e requisitada. "é areia demais" pensou. não conseguiu lidar e fugiu, fez más escolhas, mas resolveu voltar ao perceber de que não precisava conquista-la, pois ela já era sua.
conversaram tempo demais para o tempo real, mas viveram bons momentos para o tempo vivido.
foi só então naquela noite, naquela noite, que tiveram uma boa noite.