Se eu tivesse conhecido ela de outra forma, ou sofreria muito de amor ou sofreria ainda mais de ódio. Mas não, a conheci do jeito que foi, e no meio termo ficamos amigos.
Entenda que, tal resultado em qualquer outra situação teria sido algo triste, mas a amizade nesse caso é algo positivo. Antes de entender nossa relação, precisa-se entender o conceito de “profissionalismo”, “irmandade” e “mulher de amigo meu é homem”. Entendido? Prossigamos.
Sempre digo para amigos o quanto a nossa geração vai marcar história. Assim como falamos com saudosismo de Godard e Truffaut sobre a era de ouro da Nouvelle Vague, seremos assim citados nos anais da história do audiovisual.
Hoje em dia o cinema deixou de ser uma arte elitista, e a facilidade de captação e execução de peças em áudio e vídeo transforma toda mente criativa em um diretor de nome no mercado da comunicação.
O problema é a preguiça e alguém que te apoie e empurre. Foi assim que conheci a Mah. Ela precisava de mim tanto quanto eu dela. Com seu nome de uma cidadezinha do interior de São Paulo, nos perguntamos: Temos câmera, tripé, microfone e ilha de edição... porque não estamos produzindo nada?
Conhecia o namorado dela, amigo da faculdade, percebeu que pensávamos iguais e nos apresentou. Ainda me indago: ou ele confia muito no seu taco, ou eu não represento perigo algum... Enfim, Sem jeito subi na garupa de sua lambreta, e pelas ruas do centro chegamos numa cafeteria na augusta, e lá viramos sócios e parceiros. Fácil assim.
Quando sentamos e começamos a conversar o papo nunca tem fim, o tempo se comprime contra nós. Constantemente dizemos que ela é minha versão feminina e vice versa. Nossas opiniões e pensamentos são tão parecidos que mesmo discordando, concordamos com soluções.
A evolução de ideias passa por todo um processo (palavra essa que ela adora). Comunicação é tortura. Assim como na internet onde navegamos por infinitos links, quando começo a falar, ela me corta e começa a falar, e eu a corto e começo a falar, e ela corta...
Juntos temos o problema do foco. Dificilmente terminamos ou decidimos algo. Sério, já tentamos. Como ela sempre diz, vivemos no mundo das ideias. Servimos para roteiristas e editores, jamais para produtores.
Nesse mundo, Mah se transforma num ser humano desorganizado, com uma bolsa gigantesca onde grande parte desse conteúdo já poderia ter ido para o lixo. Nunca, mas Nunca a vi chegando no horário para algum compromisso... Seja ele qual for, ela vai chegar atrasada.
Mah é uma flor.
No meio de tantas palavras me perdi, já não sabia se estava falando dela ou de mim.