Eu era um babaca.
Não por ser babaca, mas eu tinha 15 anos, e todo mundo que tem 15 anos é babaca.
A sensação de poder. A liberdade começando a pulsar. A idade que começamos a sair das asas fraternais para conhecer o mundo. Mas a coleira ainda está no pescoço, e é aí que quebramos a cara. Por isso que somos babacas.
Pamella também era babaca. Mas ela é linda.
Um ano antes, foi quando a vi pela primeira vez. Mas na escola segregamos as pessoas em panelinhas, por isso não nos falamos quase nada.
Mas sua imagem ficou na minha cabeça nitidamente. Parada com as mãos nos bolsos do blusão do uniforme escolar, rindo silenciosamente.
Baixinha, não mais de 1,60. Cabelo preto cacheado e longo. Pele lisa e macia e gostosa. Nunca a vi suas unhas mal feitas ou descascando o esmalte. Seu rosto combinava com o resto do corpo, com curvas delicadas e fáceis.
Pamella é uma mulher que todos param para olhar.
Ela era tímida. Não introspectiva, mas ela não falava alto nem gostava das malditas apresentações nas aulas de português.
Depois disso, não é difícil adivinha o motivo pela qual me apaixonei por ela.
Além de ser um babaca, é da Pamella que estou falando.
Um dia ela se separou das outras garotas de seu grupinho, e sentou lá no fundão da sala, onde eu sempre sentava. Bastou sentar do meu lado 20 horas semanais para eu ter certeza de que tinha que ser ela a mulher da minha vida.
Ela era esperta. Não inteligente, não esforçada, mas esperta. Preguiçosa e esperta. Ela é tão preguiçosa que seu primeiro grande namorado foi um primo dela. Nem a decência de procurar um namorado teve, apenas esperou o natal chegar, para a família ficar reunida e dar o bote.
Nunca consegui a decifrar. Nunca entendi como ela escolhia seus pretendentes.
A escola acabou e ela sumiu. Eu sumi.
Ouvi falar que ela namorou com esse primo por muito tempo, fez psicologia e concluiu que eu realmente era um babaca.
Foi com Pamella que percebi meu fetiche por baixinhas de cabalo cacheado. Enfim.
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