Quando favelado, menino pobre, vai nas festas de galera rica fica bobo.
Peterson estava assim.
Graças à programas de incentivo acadêmico, para pessoas carentes irem para a faculdade, que conheceu Grace e Flávio. Grace é da zona sul. A mãe é uma perua, todo dia vai pro shopping Iguatemi com seu chiu auau para tomar o chá das cinco. Uma lady. Flavião é um santista roxo da zona norte. 3° a esquerda subindo a Voluntários. Gente boa.
Já Peterson pega trem. Todo dia ele faz tudo sempre igual, e acorda as 6 horas da manhã. Taipas, o lado obscuro de São Paulo. Nem sabe se ali é Caieiras ou se já é a cidade grande, mas a zona oeste treme perante Taipas.
Wellington, amigo chegado de Pete lá da quebrada, levou uma facada na cabeça por causa de pó. 7 pontos na testa. Tá sem beber, só tomando antibiótico.
E foi lá, na sala de ciências contábeis que se conheceram. Pete conheceu Flávio no bar, Grace pedindo cola do razonete na prova de quinta passada. Ela chamou e todos colaram. Pete tava sem dormir, e seus planos era voltar pra casa naquela sexta a noite. Mas mudou de ideia.
Era aniversário da amiga da irmã de uma conhecida de Grace. Ela mora bem, num apêzinho apertado ali na Liberdade. Cada um levava uma bebida e pronto, Pode colar, mas sem arrastar. Bem vindo a festa. Feliz 23 anos.
Tinha nego de todo canto.
Mano com boné P27, do pagode da 27, lá do Grajauex. As minas da zona leste estavam visivelmente uniformizadas com modelos claramente adquiridos nas lojas de surf do shopping metrô Tatuapé. E óbvio, a galera da gaviões. Playboyzinho ali de Perdizes e Pompéia ostentando Red Label com as patricinhas da Vila Maria: Todas loiras com bota sertaneja. Uma tava implorando pra eles leva-las no show da Maria Cecília e Rodolfo lá no Vila Country. Sem contar os cachorros de Francisco Morato que estavam em todas.
O clima tava pesado. Ou como o estoquista do trabalho do Pete diz: Elas estavam em peso!
Festa estranha com gente esquisita, Pete não tá legal, pede para tomar birita.
Chegam os três no balcão da cozinha, colocam na pia os três engradados de cerveja, a catuaba e os dois reais de limão que compraram no mercado antes de chegar. A galera entra em delírio. Cada um enche o copo com algo e brindam a noite.
Grace já logo cumprimenta a aniversariante. Fala com os meninos com desdém. Metidinha a italiana, no facebook está: Mora em Roma... Santa paciência.
Flávio chamou para colar com os manos de Pirituba porque o negão de Grace tinha acabado de entrar no recinto.
O cara era grande. Peito largo e estufado, um braço malhado que ele fazia questão de mostrar com aquela pólo vermelha grudada no corpo. Para dar aquele brilho, uma corrente de aço, e um brinco de diamante na orelha esquerda. Presença, chegou o negão, cheio de paixão, e é só da Grace, só da Grace, só da Grace...
O beijo que ele deu nela fez Peterson se assustar. Na quebrada é feio uma fita dessa. A aniversariante até se assustou. Flávio riu.
Trocaram dois minutos de ideia e foram pro quarto menor. Sumiram.
Apareceu Paolo, bem louco de lança. Disse que já tinha beijado dois. Flávio olhou o relógio e nem meia noite era.
Peterson perguntou das minas, Paolo deu risada, era o que mais tinha ali. Peterson apontou para a hippie ruiva, com botinha e vestidinho floral, cheia de sardinha no rosto. Certeza que deve fazer história na USP. Paolo disse que a conhecia, Flávio deu risada porque ela tinha uma amiga morena. Negona gostosa, exatamente o que Flávio mais gosta. Paolo foi falar com as duas com um olhar malicioso.
Peterson queria um violão, dependia de música. Na quebrada ou você ocupa a mente com coisa boa, ou vai fumar pedra. Peterson aprendeu a tocar violão. Música era tudo pra ele. Peterson pensava música.
Trombaram a galera do skate da Roosevelt e as minas da Mooca. Peterson tomou mais dois copos de soda com vodka e Flávio só ficou na cervejinha mesmo.
Grace sai do quarto descabelada. Dá o celular pra Peterson e diz que se alguém ligar é pra ele atender e dizer que ela está dormindo e que depois liga. Nem esperou a resposta do amigo, e foi correndo pro quarto. Peterson colocou o celular no bolso e esqueceu.
Os meninos nem escutaram, Paolo estava voltando e disse que a ruiva curtiu mesmo o Flávio. Pete podia tentar a morena. Peterson desanimou, fumou um cigarro, e foi pra rodinha das meninas no pé de Paolo e Flávio. Naquela hora, Peterson só pedia a Deus por um pouco de malandragem.
Ana, 23, Tucuruvi, gosta de sambar e é gostosa pra caralho. manda bem na conversa, mas desde o começo deixou claro que não queria nada. Inventou uma ladainha gigantesca. Disse que tava brigada com o namorado que mentiu pra ela dizendo que foi fazer trabalho extra em Taubaté, mas ela sabia que ele estava numa balada em Moema.
A aniversariante ficou tão nervosa quando soube que tinha gente transando no quarto dela, que entrou sem pedir licença. Quando a porta se abriu, Grace estava montada em cima do Negão da hora que solancava a pequena pra cima. A italiana que mora na liberdade ficou vermelha de vergonha, bateu a porta com tudo e gritou um pedido de desculpa. Quase ninguém da sala viu a Grace pelada, mas todo mundo escutou o grito da aniversariante.
Deu cinco minutos o casal estava na cozinha bebendo como se nada tivesse acontecido. Peterson viu que dali não ia tirar nada, e Flávio tava falando na fissura com a ruiva. Foi pra cozinha.
Os dois estavam suados. Grace a ponto de pingar. Não deu nem tempo de Pete perguntar o nome do negão que uma loirinha, uma daquelas da Vila Maria, chegou com força pendurando no pescoço de Pete. Pelo bafo dela já estava pra lá de Bagdá. Whisky que não acaba mais. Começou a dizer que gostava de sertanejo, perguntou se ele sabia dançar, disse que queria mesmo estar na balada, mas já que não tava, ia aproveitar os gatinhos daquela festinha mesmo.
Peterson aproveitou a deixa e a beijou intensamente. Seus peitinhos redondinhos roçavam em Peterson enquanto ela trançava as botas sem rumo. Encaixou ela no armário, e meteu as mãos nas ancas dela. Ela rebolava e dançava. Legitimamente embriagada.
Grace viu, e chamou os dois para irem pro quarto maior, onde tava passando um filme e tinha um pessoal assistindo. Lá dava pra dar uns amassos. O famoso quarto da derrota, depois de um baseado, se joga na cama e dorme. Chacina.
Flávio já estava beijando a ruiva com força. Ana, a morena amiga dela, estava contando o mesmo drama do namorado para outro cara.
Pete e a mina chegaram no quarto, e viram um casal dormindo na cama, e uma garota sentada no canto do quarto. Pete sentou na beirada da cama com a loira, e Grace e o negão já se enfiaram no cantinho, do outro lado da cama onde já não tinha mais campo de visão.
Pete soltou a mão boba e a menina liberou. Perguntou o nome dela, mas a insanidade da cachaça estava tão alta que ela respondeu: Onde as vacas fazem a curva. Ele foi soltando os botões da camisa xadrez dela, e quando vislumbrou o rosa do sutiã trançado dela, entrou o Grego do intercâmbio perguntando da Stella... Quem é Stella?
Ele foi embora, e quando Pete voltou a mão pros seios dela, ela não deixou mais, fechou a blusa e abotoou a camisa, não quis mais beijar ele e começou a prestar atenção na televisão. Pete se revoltou, quase dormiu vendo seriados. A mina dormiu no braço dele, e de repente começa a escutar um chup chup do lado da cama. Olha pro lado, e vê o negão revirando os olhos e a cabeça de Grace entre as pernas dele.
Pete deixou a menina na cama, saiu, e encontrou Flávio sozinho na cozinha com um copo de jurupinga com pouco gelo. Ele disse que tinha pegado a ruiva, e quando ela foi no banheiro pediu o Whatts da morena. Já até marcaram um rolê pro domingo. Os dois riram quando Pete contou que deixou a loirinha dormindo do lado do sexo oral.
Pete foi mijar, e quando estava na fila viu Grace e o negão saindo do banheiro juntos. Quando levantou a tampa do vaso, viu uma poça de esperma do lado do cesto. Enjoou. Saiu correndo pra contar pro Flávio, quando viu ele no mesmo canto da cozinha se despedindo da ruivinha e da morena. Correu, e se enturmou no papo.
Verônica, 24, gaúcha, faz história na USP. Peterson se reprimiu de tesão quando escutou aquele sotaque gostoso da ruiva historiadora.
Ela disse que tinha que ir porque seu namorado estava esperando ela na porta do prédio para busca-la. Nessa até Flávio se assustou. Deram um último beijo e ela desceu as escadas sozinha.
Ana ficou conversando com Flávio limando Pete da conversa. Peteson percebeu que não era bem vindo, e foi procurar Grace, e quando a encontrou, disse que já estava indo embora também, Ela estava indo pra casa dele. O negão era forte, depois de transar em todos os cômodos, ainda tinha mais na casa dele.
Peterson ficou ali parado com as mãos no bolso olhando para os lados. A música era boa, a casa estava cheia e o pessoal animado, mas Pete não estava feliz. Viu que já era quase cinco da manhã, e que já tinha ônibus para ele voltar pra quebrada. Flávio já estava atracado com Aninha. Não conhecia mais ninguém.
Pete tava cansado. Tinha trabalhado pra burro naquela semana, não voltava pra casa já fazia mais de oito dias. Um rolê emenda com outro, que emenda com o trabalho e assim por diante. Não sabia o que era dormir bem à muito tempo. Agradeceu por estar de folga naquele sábado, poderia chegar em casa e dormir até tarde. Longe de casa, há mais de uma semana, dias e dias distante da sua mãe. Resolveu ir embora.
Enquanto saia viu Paolo vomitando pela janela, a aniversariante estava maluca com isso. Deu um abraço forte em Flávio e o lembrou da prova de segunda feira.
Desceu a escada, e viu como a noite estava bonita, decidiu ir andando até a Sé. A cidade estava completamente vazia, toda iluminada com uma leve neblina. Levantou as golas do blusão e saiu fumando seu cigarro pensando na noite boa que teve.
Assustou com o vibrar de um celular que não era seu no bolso. Grace tinha esquecido com ele. No visor estava escrito "mãe". Atendeu e escutou uma senhora sonambula perguntando que horas ela ia chegar em casa. Peterson não disse nada e desligou o celular. Colocou no bolso e pensou que na favela um celular daquele valia mais de 10 pedras. Na segunda ele ia devolver pra Grace.
Cruzou o marco zero na frente da catedral e desceu a escada do metrô.
O caminho era longo de volta pra favela.
Os meninos nem escutaram, Paolo estava voltando e disse que a ruiva curtiu mesmo o Flávio. Pete podia tentar a morena. Peterson desanimou, fumou um cigarro, e foi pra rodinha das meninas no pé de Paolo e Flávio. Naquela hora, Peterson só pedia a Deus por um pouco de malandragem.
Ana, 23, Tucuruvi, gosta de sambar e é gostosa pra caralho. manda bem na conversa, mas desde o começo deixou claro que não queria nada. Inventou uma ladainha gigantesca. Disse que tava brigada com o namorado que mentiu pra ela dizendo que foi fazer trabalho extra em Taubaté, mas ela sabia que ele estava numa balada em Moema.
A aniversariante ficou tão nervosa quando soube que tinha gente transando no quarto dela, que entrou sem pedir licença. Quando a porta se abriu, Grace estava montada em cima do Negão da hora que solancava a pequena pra cima. A italiana que mora na liberdade ficou vermelha de vergonha, bateu a porta com tudo e gritou um pedido de desculpa. Quase ninguém da sala viu a Grace pelada, mas todo mundo escutou o grito da aniversariante.
Deu cinco minutos o casal estava na cozinha bebendo como se nada tivesse acontecido. Peterson viu que dali não ia tirar nada, e Flávio tava falando na fissura com a ruiva. Foi pra cozinha.
Os dois estavam suados. Grace a ponto de pingar. Não deu nem tempo de Pete perguntar o nome do negão que uma loirinha, uma daquelas da Vila Maria, chegou com força pendurando no pescoço de Pete. Pelo bafo dela já estava pra lá de Bagdá. Whisky que não acaba mais. Começou a dizer que gostava de sertanejo, perguntou se ele sabia dançar, disse que queria mesmo estar na balada, mas já que não tava, ia aproveitar os gatinhos daquela festinha mesmo.
Peterson aproveitou a deixa e a beijou intensamente. Seus peitinhos redondinhos roçavam em Peterson enquanto ela trançava as botas sem rumo. Encaixou ela no armário, e meteu as mãos nas ancas dela. Ela rebolava e dançava. Legitimamente embriagada.
Grace viu, e chamou os dois para irem pro quarto maior, onde tava passando um filme e tinha um pessoal assistindo. Lá dava pra dar uns amassos. O famoso quarto da derrota, depois de um baseado, se joga na cama e dorme. Chacina.
Flávio já estava beijando a ruiva com força. Ana, a morena amiga dela, estava contando o mesmo drama do namorado para outro cara.
Pete e a mina chegaram no quarto, e viram um casal dormindo na cama, e uma garota sentada no canto do quarto. Pete sentou na beirada da cama com a loira, e Grace e o negão já se enfiaram no cantinho, do outro lado da cama onde já não tinha mais campo de visão.
Pete soltou a mão boba e a menina liberou. Perguntou o nome dela, mas a insanidade da cachaça estava tão alta que ela respondeu: Onde as vacas fazem a curva. Ele foi soltando os botões da camisa xadrez dela, e quando vislumbrou o rosa do sutiã trançado dela, entrou o Grego do intercâmbio perguntando da Stella... Quem é Stella?
Ele foi embora, e quando Pete voltou a mão pros seios dela, ela não deixou mais, fechou a blusa e abotoou a camisa, não quis mais beijar ele e começou a prestar atenção na televisão. Pete se revoltou, quase dormiu vendo seriados. A mina dormiu no braço dele, e de repente começa a escutar um chup chup do lado da cama. Olha pro lado, e vê o negão revirando os olhos e a cabeça de Grace entre as pernas dele.
Pete deixou a menina na cama, saiu, e encontrou Flávio sozinho na cozinha com um copo de jurupinga com pouco gelo. Ele disse que tinha pegado a ruiva, e quando ela foi no banheiro pediu o Whatts da morena. Já até marcaram um rolê pro domingo. Os dois riram quando Pete contou que deixou a loirinha dormindo do lado do sexo oral.
Pete foi mijar, e quando estava na fila viu Grace e o negão saindo do banheiro juntos. Quando levantou a tampa do vaso, viu uma poça de esperma do lado do cesto. Enjoou. Saiu correndo pra contar pro Flávio, quando viu ele no mesmo canto da cozinha se despedindo da ruivinha e da morena. Correu, e se enturmou no papo.
Verônica, 24, gaúcha, faz história na USP. Peterson se reprimiu de tesão quando escutou aquele sotaque gostoso da ruiva historiadora.
Ela disse que tinha que ir porque seu namorado estava esperando ela na porta do prédio para busca-la. Nessa até Flávio se assustou. Deram um último beijo e ela desceu as escadas sozinha.
Ana ficou conversando com Flávio limando Pete da conversa. Peteson percebeu que não era bem vindo, e foi procurar Grace, e quando a encontrou, disse que já estava indo embora também, Ela estava indo pra casa dele. O negão era forte, depois de transar em todos os cômodos, ainda tinha mais na casa dele.
Peterson ficou ali parado com as mãos no bolso olhando para os lados. A música era boa, a casa estava cheia e o pessoal animado, mas Pete não estava feliz. Viu que já era quase cinco da manhã, e que já tinha ônibus para ele voltar pra quebrada. Flávio já estava atracado com Aninha. Não conhecia mais ninguém.
Pete tava cansado. Tinha trabalhado pra burro naquela semana, não voltava pra casa já fazia mais de oito dias. Um rolê emenda com outro, que emenda com o trabalho e assim por diante. Não sabia o que era dormir bem à muito tempo. Agradeceu por estar de folga naquele sábado, poderia chegar em casa e dormir até tarde. Longe de casa, há mais de uma semana, dias e dias distante da sua mãe. Resolveu ir embora.
Enquanto saia viu Paolo vomitando pela janela, a aniversariante estava maluca com isso. Deu um abraço forte em Flávio e o lembrou da prova de segunda feira.
Desceu a escada, e viu como a noite estava bonita, decidiu ir andando até a Sé. A cidade estava completamente vazia, toda iluminada com uma leve neblina. Levantou as golas do blusão e saiu fumando seu cigarro pensando na noite boa que teve.
Assustou com o vibrar de um celular que não era seu no bolso. Grace tinha esquecido com ele. No visor estava escrito "mãe". Atendeu e escutou uma senhora sonambula perguntando que horas ela ia chegar em casa. Peterson não disse nada e desligou o celular. Colocou no bolso e pensou que na favela um celular daquele valia mais de 10 pedras. Na segunda ele ia devolver pra Grace.
Cruzou o marco zero na frente da catedral e desceu a escada do metrô.
O caminho era longo de volta pra favela.
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