11 de agosto de 2014

O Segredo das Mulheres Apaixonantes #26 - Karol

Morena leoa dos brincos brasileiros grandes, corpo de mulher tropicana, lábios beijáveis e desejáveis. Estilo jeans, hippie, hiponga, floral. Olhos engraçados e dissimulados. Cabelo farto, cacheado e hidratado. Karol, mulher, poder.

Todos meus argumentos acabam aí.

Não tenho mais o que falar porque não somos de falar. Acredito que seu rancor por mim vem do rancor de suas amigas. Duas meninas não tão apaixonantes assim. Falta de comunicação, um desajuste, mea culpa, admito. Mas não existe absolutamente nada que eu possa fazer se elas não aceitaram meus pedidos de desculpas. Esforcei, me arrependi, mas tudo o que sinto que mais perdi, foi tua falta de confiança.

Afinal o que poderia querer falar comigo?

Bêbado e drogado. Um rapaz sem nenhum código de conduta, moral ou ética. E claro, o que mais eu poderia querer que não fosse sexo. Mas a grande realidade é que te vi a distancia e vi ali uma linda mulher que queria pra mim. Pena que a vida não é feita dos quereres.

Meu desejo secreto se mantém incógnito. Nunca falei nada, e admito que me falta a coragem de falar contigo. Apenas te olho, e tento fracas abordagens de amizade, mas vejo que bem pelo olho mágico você quer prestar atenção, quiçá, abrir a porta.

Inteligente e de opinião forte. Ativista, Uma cara pintada. Tem posicionamento politico forte, e sabe do que está falando. Uma esquerdista. Sabe tudo sobre Che, e foi a primeira a levantar a bandeira em São Paulo em julho de 2013.

Seu Jorge sempre esteve certo:

Karol é uma menina bem difícil de esquecer.
Andar bonito e um brilho no olhar.
Tem um jeito adolescente que me faz enlouquecer.
E um molejo que não vou te enganar.
Maravilha feminina, meu docinho de pavê,
inteligente, ela é muito sensual.
Te confesso que estou apaixonado por você,

Ô Karol isso é muito natural,
ô Karol eu preciso de você,
ô Karol eu não vou suportar não te ver.
Karol eu preciso te falar,
ô Karol eu vou amar você.

Eu vou amar você,
pois eu vou te dar muito carinho;
Vou te dar beijinho no cangote.
Ôi Karol
menina Bela, menina Bela.

E depois disso, ele fala apenas de uma relação com Karol que eu queria ter.

Naquela Noite Um Poeta Morreu um Pouco

Na noite de 31 de julho de 2014 na Lanchonete Cuca Ideal na rua Augusta, um determinado poeta morreu um pouco.

Últimos dias de férias, ele estava em seu melhor momento no trabalho, e todos os contos, crônicas e poesias que escrevia era lido com muito amor e apoio de todos seus mais próximos. Resolveu tomar umas cervejas para sorrir, mas o final daquela noite foi regado com lágrimas.

O maior amor que um poeta um dia terá, é com suas poesias. Próprias crias, filhos natos da experiencia única de escrever, cada letra era o relato de um momento inexpugnável da sua memória, as palavras de algo legitimamente essencial na vida. O que o Poeta, no papel de poeta, achou necessário exprimir com sua caneta num papel tal sabedoria para os outros e para o futuro.

Em tempos modernos tal Poeta virava mídias antiquadas e vencidas, porém eternas e primordiais: papel e caneta. Não saia de casa seu seu caderno, onde qualquer momento, ou qualquer ideia, tinha que ser assinados nas folhas de seu diário.

Lembra com carinho do primeiro caderno. Julho de 2012, por conselhos da uma professora muito bonita e inteligente por sinal. Marrom, sem nenhum desenho. Uma fita elástica para ajudar no fecho. O interior era intercalado com folhas pautadas, e folhas não pautadas. Imerso de desenhos, gráficos, listas e letras. Ideias dispersas de uma única cena de um longa metragem, ou estudos profundos sobre a edição não linear sob a perspectiva da escola russa de cinema. Lembranças de KINO.

Um ano depois, por meados de agosto de 2013, o desemprego assolou o Poeta, e nas últimas páginas em branco de seu primeiro caderno, arrumou um novo do novo empregador. Vida nova com caderneta nova. Verde, com as inscrições em baixo relevo "Cultura em Curso". Apesar da propaganda, nada poderia ser mais relevante do que tais palavras. Era com aquelas folhas totalmente em branco, que a cultura do jovem Poeta era estudada em textos políticos, contos sobre mulheres e cronicas do seu dia a dia.

Seu terceiro caderno era menor, um "war notebook" de bolso. A ideia era simples: Quando estiver sem mochila, ele colocava o caderno menor no bolso, pronto para qualquer ocasião. O Poeta era tão dependente de suas folhas e canetas, que ele já chegou a leva-los para a balada. E sim, ele escreveu um lindo poema na vitrine humana.

Mas naquela fatídica noite, no meio de drogas licitas e ilícitas, seus cadernos sumiram.

Ele olhou para o lugar onde estava sua mochila, debaixo da mesa, no canto encostado na parede, e ela não estava lá. Alias, estava no lugar mais difícil de pegar dentre todas as mochilas daquela mesa. A respostas da questão era uma: Roubaram, mas quem é boçal que rouba de um poeta? 

Um livro de contos de Machado de Assis, A Saga da Fênix Negra e Marvel Zombies em edições de luxo, duas sobre-blusas de verão, 40g de maconha, um dichavador, seda tipo prata, um perfume, camisinhas, a própria mochila (presente do pai de aniversario, não tinha feito nem 6 meses), e seus três cadernos.

"Tinha alguma coisa de valor?" - perguntou um dos amigos? Carteira, celular e o molho de chave estava no seu bolso, mas o real valor tinha ido embora. Uma parte da sua alma. Seus filhos que sabia que não voltarão nunca mais.

O Poeta se machucou tanto, que como uma metáfora, ficou sem palavras.

Quem é o Poeta sem poemas? O Poeta sou eu.

2 de agosto de 2014

Guardanapo Amassado

Com Paloma, Priscila, Luiz, Da Hora, Thais, Isabela, João, Vitória, Andreza, Peter, Claudinha, Fábio e Cida.

Na mesa do bar,
estava amassado.
Passou pela ideia da praia,
do plano do agora
para uma esperança perdida
do final de semana a seguir.

Passou pela Da Hora daora
naquele fatídico Brasil e México.
O golpe entorpecente
os litros etílicos
que só uma copa aqui
poderia oferecer a todos nós.

Viu chegar Claudinha,
Fábio e a Cida.
Andreza teve que ir.
Lembramos do colírio Luiz,
da Paloma com o namorado,
e das piadas sem graças do DVD.

Na mesa do Bar,
Estava amassado.
Sem graça e apagado.
Mas pela eternidade do momento
lembrei de lembrar,
e escrevi.

1 de agosto de 2014

Loucura e Contenção

Deixe que falem
que sou sujo,
imundo,
mal, vil,
canalha e calculista.
Deixe que pensem.

Pare
e volte.
Porque escolhi você?

Eu sou loucura e você contenção.
Furacão em ebulição,
Controle total da aeronave.
Eu sou espuma querendo vazar,
você é a triste forte borda que tenta me segurar.

Eu sou rua, você é casa,
eu sou amigos, e você pai e mãe,
eu sou droga, e você a reabilitação.
Eu sou o cigarro, e você o bruto carinho de arrancar e rasgar as minhas cinzas sombrias de uma alma em perdição.

Eu sou os poemas perdidos de um poeta,
ou as lágrimas por um cadáver familiar.
Você é o otimismo de reescreve-los,
ou os dizeres reconfortantes de que o morto foi para um lugar melhor.