17 de abril de 2014

Esperança

Pelo que se espera?

Pelo súbito punhal
nas suas costas
semeando sangue no seu algodão?

Pelo deslise dos dedos
sobre o couro do cabo
perfurando seu órgão respirador?
Cortando em toses o fôlego.

Pela pressão
descendo a lamina
sobre o pobre forte músculo batedor?
Escorrendo a morte sobre o corpo.

Não se espera o coração.
Mão retirando-o e pondo em boca
a mastigar e cuspir
o que havia ali.

Não se espera o nome dela.
Horror sobre a espinha,
o calafrio que faz a pele retesar,
a maldição de sua era,
pois pelo mais que se esforça
o passado continua pouso sobriamente
sobre o seu pensar.

Maldita, dita.

Ainda lembrarei,
e suspirarei pela esperança
de te encontrar outra vez
e sofrer como nunca antes.

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