30 de novembro de 2014

A Última Poesia

Deixei de acreditar.
Primeiro em mim,
após a depressão,
em todos vós.
Desacredito nesse mundo bonito,
colorido e cheio de festim.
Sou objetivo,
e isso não me faz feliz.
Felicidade,
um conceito tão subjetivo,
ineficaz na prática
e tão efêmero,
que se faz desnecessário.
Este é o animal humano,
que quer tanto sentir
e dar sentido,
que se esquece de quem é:
um animal,
instintivo e feroz,
rude e bruto,
individualista
e sozinho
acobertado por mentiras banais,
"as morais".
Mentiras sem sentido
apenas para dar sentido.
E assim são os reais humanos,
mentirosos, egoístas,
fazem crer no amor e emoções
mas não prezam por elas.

Então o Poeta pestaneja.
Quando descobre
que escrevia mentiras.
Ideias enlatadas
sobre algo que não existe.
Quando descobre
que todas aquelas poesias para ela
foram em vão.
Quando descobre
que pensar em amor,
amizade e lealdade
de nada valia,
pois no final de quase todas as coisas,
a única coisa que sobra
é o individualismo.
O pensamento único dele mesmo,
que você foi só uma passagem,
um alimento momentâneo
que depois de consumido
é jogado fora.
E após muito mais que tudo isso,
o Poeta cai em depressão,
olha para os lados
e descobre que nunca valeu a pena acreditar,
que está sozinho,
e que sua arte
não passa de propaganda enganosa.

Essas são as pessoas
que tanto amamos
e nos preocupamos.
Que tanto não se importam
e que tanto não valem a pena.
Por isso desacredito,
pois descobri o que sou,
um animal
dotado de racionalidade.
Tão esperto,
que confia
em inconfiáveis,
selvagens instintivos.
Que te ama,
até melhor escolha.
Por isso desacredito,
pois não quero amar
sem ser amado.
Pois os momentos felizes,
não são para sempre,
e o mundo não é um lugar bom.
E é exatamente nesse mundo
que o Poeta perde o emprego,
a serventia,
pois, do que ele falará,
se do que ele tem que falar,
é uma farsa?
E não tem nada pior,
do que um Poeta
que perdeu a poesia.

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