7 de junho de 2013

Manhã de Outono

Tem uma coisa que todo mundo sabe, mas ninguém entende. Aquele papo sobre aproveitar as pequenas coisas da vida, parece ser um grande monte de vazio sem sentido. Faz parte daquelas coisas que devem ser vividas e não explicadas.

Mas o Garoto caiu no erro de tentar explicar. Não que a Garota fosse burra, mas em certas circunstâncias lhe faltava aquela tal da massa cefálica para compreender todas as nuances de uma conversa linear.

Seu Oposto. Para alguns é disso que um bom relacionamento é feito. Pessoas diferentes se encontrarem de alguma forma para se completarem. Ela era linda, e era sua.

E aquele momento especifico era a resposta para as perguntas sobre relacionamentos que o garoto sempre tentava se esquivar.

Era uma manha de sexta feira de outono. Dizem que é a melhor época para se escrever uma poesia. A poesia de uma manhã daquelas está escrita no próprio sabor do café que fica no ar, na fumaça que o bule faz, e naquele chiado estranho. Na abundância de luz que entra pela janela se fundindo com a neblina remanescente da madrugada, dando um aspecto degradê e serpia que nem em filmes antigos conseguimos ver. E a cozinha toda iluminada dando um maravilhoso bom dia para o mundo.

Ela estava com uma das suas camisetas xadrez que ele tanto gosta, e uma calcinha de renda cinza. Andando descalça pra lá e pra cá, pegando o pó de café da pia, e passando a manteiga no pão. Ela nunca foi de dar café da manhã na cama, mas o dia estava lindo e isso imunda o coração de amor. Coisas românticas sempre são bem vindas... Ainda mais vindo dela. Tão séria!

O gosto amargo da noite bem dormida ainda estava na boca, mas a vontade de desencostar do batente da porta e ir escovar o dente era completamente nula. Ficar ali, parado, sentindo aquele amalgama da fria brisa matutina, e leve calor dos tênues raios de sol já poderia ser considerado como alguma coisa boa. Juntando com a direção de arte daquela cena...

- Nossa... Você está ai desde quando? - Perguntou ela assustada ao perceber sua presença.
- Acordei agora a pouco... Com o cheiro de café fresquinho.

E foi nesse ponto que o garoto tentou falar pra ela que, ele não trocaria aquela manhã por nada nesse mundo.

- Déjà Vu - Disse ele.
- Como assim? Isso já aconteceu antes?
- Para o resto de minha vida, lembrarei.

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