10 de junho de 2013

O Segredo das Mulheres Apaixonantes #08 - Marina

Foi uma época interessante da minha vida. Lugares, coisas e principalmente, pessoas. Finalmente eu estava estudando e trabalhando com meu sonho. E pra melhorar, todas sextas sem erros, íamos para o bar. Foi numa dessas sextas que eu conheci Marina.

Amiga de uma amiga, Marina era linda. Mas antes de cumprimenta-la, ela já estava de beijinhos com um pagão que adorava bacon. Cheguei atrasado, mas Marina ficou na minha cabeça.

Eu era apenas um garoto que adorava o que fazia, e estava evoluindo com pessoas que estavam nesse ramo muito antes de eu nascer. Tudo e todos respiravam cultura e experiências novas, e Marina não era diferente desse novo mundo.

Marina é do sul do país, descendentes de libaneses. Uma mistura de um sotaque gaúcho fraco e sensível, com os traços árabes delicados. Rosto pequeno, lábios finos e olhos pretos. Cabelo fino e liso, curto que cobre o pescoço. Toda harmonia é quebrado por um óculos pesado de contraste.

Gosta de rock pesado. Reflexo de um espírito atormentado. Sempre usando preto e um coturno de guerrilha. Não se maquia, se sim, somente as vezes e o mínimo o possível.

Eu tinha medo de Marina.

Dura e independente, sempre estava falando de algum cineasta do leste europeu da década de 30, de alguma banda de rock progressivo alemã, ou dos conflitos e massacres da do oriente. Ela é inteligente e de opinião forte, jamais tem medo de discordar de você, e quem sabe arrumar uma inimizade.

Veio para São Paulo noiva. Não sei como ela era antes desse relacionamento, mas quando o assunto é esse, Marina sempre é fria e categórica: eu não quero compromisso. Talvez porque um namorado tire um pouco de sua liberdade e independência. Ela não precisa de você, e sempre deixa isso bem claro.

Entrei de cabeça em jogo. Comemorando seu aniversario numa sexta feira na Augusta, nos beijamos. Já a conhecia a mais de um ano, e estava com sede daquele beijo desde o dia que a conheci. Como beber água depois de horas caminhando sob o sol ardente das 3.

Mas não tinha sentimento. Ela deve ter sofrido tanto com os homens de sua vida, que se acostumou com a solidão. Às vezes pensava que ela tem que ser resgatada dela mesma. Não consegui. E fui embora porque ela pediu.

Doce e delicada, depressiva e melancólica. Deveria ter algum manual de instruções para entender melhor Marina.

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